Após 11 dias de greve, os médicos da rede pública de saúde do distrito federal se reuniram em uma assembleia na última sexta-feira, 13 de setembro, para deliberar sobre os próximos passos da paralisação. Essa categoria, que é reconhecida por ter um dos salários mais altos do país, está reivindicando um novo ajuste salarial. Em julho, os servidores da saúde e todo o funcionalismo público do DF receberam a segunda das três parcelas de um aumento total de 18% que foi concedido pelo governo do distrito federal (GDF). Com essa concessão, os médicos da capital poderão alcançar um salário inicial próximo de R$ 16 mil em 2025.

Na recente assembleia, o Sindicato dos Médicos do DF (SindMédico-DF) estabeleceu um cronograma para a continuidade do movimento, que inclui uma nova manifestação em frente ao Palácio do Buriti. Durante esse período, o governador Ibaneis Rocha (MDB) fez comentários sobre a greve, descrevendo as reivindicações como “absurdas”. Ele declarou que as negociações têm sido realizadas com o secretário de Economia, Ney Ferraz, mas que têm enfrentado dificuldades significativas para avançar, uma vez que as demandas da categoria somam mais de R$ 600 milhões — valores que, segundo ele, não estão disponíveis no orçamento do distrito federal.

O governador ressaltou as melhorias que já foram oferecidas aos servidores públicos recentemente, afirmando: “Estamos nos esforçando para atender às demandas, mas já concedemos um reajuste de 18%, contratamos um número considerável de policiais e oferecemos um plano de saúde que é um dos mais acessíveis do país. Temos atendido várias demandas feitas pelos nossos servidores, mas, ocasionalmente, surgem pedidos que são irrazoáveis e que o governo não tem condições de atender”.

No que diz respeito à legalidade da greve, os médicos do distrito federal descumpriram uma ordem judicial ao entrarem em greve no dia 3 de setembro. Em uma decisão anterior, o desembargador do Tribunal de Justiça do distrito federal e Territórios (TJDFT), Fernando Habibe, havia proibido a paralisação e, três dias depois, elevou a multa diária pelo descumprimento da ordem judicial de R$ 50 mil para R$ 200 mil. Apesar das penalidades, as determinações não foram respeitadas.

Na ação judicial movida contra a greve dos médicos, o GDF argumentou que a presença de 100% do corpo médico é vital para garantir a eficiente prestação de serviços à população. Além disso, o governo enfatizou que qualquer aumento salarial para essa categoria poderia impactar negativamente o já frágil equilíbrio financeiro das contas públicas, lembrando que, em média, a remuneração dos servidores da saúde ultrapassa os R$ 20 mil, valor que se encontra bem acima da média de salários de outras categorias no distrito federal.

Outro ponto importante mencionado pelo governo é que, em julho de 2024, todos os servidores distritais já haviam recebido a segunda parcela do aumento de 18%. Em relação às solicitações por mais concursos públicos e preferência na escolha das lotações, o GDF declarou que um certame está em andamento, resultando na formação de um cadastro de reserva sem limitações para o número de candidatos, evidenciando os esforços contínuos para a nomeação dos aprovados.

Com essa situação complexa envolvendo médicos e governo, a expectativa é que as partes estabeleçam um diálogo mais produtivo, a fim de evitar prolongar um impasse que pode comprometer ainda mais a qualidade dos serviços prestados à população do distrito federal. A luta por melhores condições salariais e laborais pelo SindMédico-DF continua, e a mobilização da categoria demonstra a determinação dos profissionais em busca de valorização e uma remuneração condizente com suas responsabilidades na saúde pública. O desfecho dessa situação poderá ter implicações significativas para o sistema de saúde local, impactando tanto os profissionais envolvidos quanto a população que depende desses serviços essenciais.

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