Diante da crescente crise climática e do aumento alarmante das queimadas em todo o território brasileiro, Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, fez declarações contundentes em uma entrevista à Rádio Eldorado, destacando a urgência de ações contundentes e eficazes para mitigar os graves impactos da degradação ambiental. Ele enfatizou que, apesar de alguns progressos, as medidas implementadas até agora são insatisfatórias e tardias, urgindo os governantes a transformarem as palavras em ações práticas.

Astrini argumenta que a principal estratégia para o combate às queimadas deve ser o endurecimento das penalidades para crimes ambientais, particularmente aqueles relacionados aos incêndios. Segundo especialistas, a maior parte das queimadas que devastam florestas brasileiras não são causadas por fatores naturais, como descargas elétricas, mas sim por ações criminosas. “Atualmente, os infratores quase nunca enfrentam consequências severas. Se são capturados, muitas vezes recebem apenas uma multa que frequentemente não é paga, resultando em impunidade total para aqueles que praticam essas infrações”, afirma Astrini.

Conforme reportado anteriormente, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi alertado sobre a possibilidade de seca e os riscos associados a incêndios florestais desde o início do ano. Documentos oficiais, como ofícios e atas de reuniões, revelam que a administração estava ciente das previsões climáticas adversas. Em resposta às críticas, o Ministério do Meio Ambiente afirmou que implementou iniciativas para antecipar a crise, mas argumentou que a magnitude dos eventos climáticos se tornou incontrolável devido ao ativismo humano contínuo que provoca incêndios.

As ações já implementadas, como a contratação de brigadistas para conter o avanço das chamas, são consideradas inadequadas por Astrini, que ressalta que as medidas possuem uma visão antiquada em comparação à frequência e severidade das mudanças climáticas. “Estamos enfrentando secas, queimadas e inundações com muito mais frequência do que no passado. No entanto, o governo continua adotando uma abordagem que não reflete as mudanças drásticas que ocorreram no clima”, complementa, destacando a necessidade urgente de uma resposta governamental mais robusta e coordenada.

Astrini também expressou preocupação com a falta de uma estratégia integrada para enfrentar as consequências da poluição do ar e seus impactos na saúde pública. Ele reitera que, para realmente abordar a questão das queimadas e do crime ambiental no brasil, é vital a implementação de um plano agressivo que vise à redução significativa das emissões de gases de efeito estufa até 2035. “Não basta apenas reagir após os danos já terem ocorrido; precisamos de uma abordagem proativa e enérgica para evitar que a situação piore drasticamente”, destacou.

Apesar do reconhecimento de alguns avanços nas políticas de combate ao desmatamento na Amazônia e no Cerrado durante a atual administração, Astrini reitera que as medidas tomadas ainda estão longe de serem suficientes. “O brasil está sob os holofotes globais em relação às questões climáticas. É crucial que as declarações do governo sejam seguidas de ações concretas; palavras vazias não resolverão nossos problemas”, observa.

Ele propõe ainda que uma Medida Provisória seja criada para estabelecer uma moratória sobre o desmatamento, como parte de um esforço mais abrangente para proteger os biomas brasileiros. Além disso, Astrini menciona a necessidade de que o governo reavalie algumas de suas decisões, citando o caso da BR-319, que pode levar ao desmatamento de áreas intactas se for construída sem as devidas salvaguardas.

“Precisamos de uma mudança estrutural nas prioridades do governo. Enfrentar a crise climática requer um esforço conjunto de todos os setores; o Ministério do Meio Ambiente não pode ser o único responsável por essa luta”, conclui. Equiparar discurso e ação, e agir com seriedade em relação aos crimes ambientais, são passos fundamentais para garantir um futuro sustentável ao brasil.

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