A Ascensão da ‘Mão Morta’

O sistema nuclear conhecido como ‘Mão Morta’ voltou a ser tema de discussões intensas nesta semana, reacendendo medos da Guerra Fria. Criado na década de 1970, o Perimetr, como é oficialmente chamado, é um mecanismo de resposta da Rússia que pode disparar mísseis automaticamente, mesmo na ausência de ordens humanas. O nome, que evoca a morte e a destruição, se tornou mais relevante após uma troca de farpas entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o vice do Conselho de Segurança da Rússia, Dimitri Medvedev.

Medvedev fez uma referência ao sistema em um tom que muitos interpretaram como ameaçador, o que levou Trump a agir: na sexta-feira, dia 1º de agosto, ele anunciou o deslocamento de dois submarinos nucleares americanos para uma região próxima à costa russa. Essa movimentação ocorre em um contexto de crescente pressão dos Estados Unidos para que a Rússia cesse suas ofensivas na Ucrânia.

Tensões Crescentes

O embate começou no dia 29 de julho, quando Trump deu um ultimato de dez dias para que a Rússia implementasse um cessar-fogo no conflito ucraniano, caso contrário, novas sanções seriam impostas. A resposta de Medvedev foi rápida; ele utilizou as redes sociais para acusar os EUA de recorrer a ameaças, o que, segundo ele, seria “um passo em direção à guerra”.

No dia seguinte, Trump não hesitou em criticar Medvedev, chamando-o de “fracassado” e aconselhando-o a “tomar cuidado com as palavras”. Foi nesse clima de tensão que Medvedev evocou o sistema nuclear: “Trump deveria se lembrar de como a lendária ‘Mão Morta’ pode ser perigosa”, publicou ele em seu canal no Telegram.

O Que é a ‘Mão Morta’?

O sistema Perimetr, popularmente conhecido como ‘Mão Morta’, foi desenvolvido pela União Soviética nos anos 70 com um objetivo sinistro: garantir uma retaliação nuclear mesmo que o país sofresse um ataque devastador e suas lideranças não estivessem mais vivas. Desde 1986, o sistema está operacional. De acordo com o Centro para Análises Navais (CNA), esse dispositivo atua como um plano de contingência que, em caso de um ataque nuclear detectado, inicia uma sequência de verificações.

Os sensores espalhados pelo território russo enviam informações para centros de comando, que tentam confirmar a situação com autoridades relevantes. Caso não haja resposta, o próprio sistema ativa o lançamento dos mísseis, sem intervenção humana. A origem do nome ‘Mão Morta’ é clara: mesmo que não exista ninguém para apertar o botão, o ataque pode ser desencadeado.

Retaliação Automática

Os mísseis são lançados de silos subterrâneos e, uma vez em voo, têm a capacidade de emitir sinais para outros mísseis, garantindo uma retaliação em ampla escala. A existência desse sistema de armas foi revelada ao público pelo New York Times em 1993, que o chamou de “máquina do juízo final”. Desde então, especialistas se questionam sobre sua atual operacionalidade. Documentos de inteligência americanos de 2017 indicam que o Perimetr continua ativo e pode ter recebido modernizações ao longo dos anos.

Movimentação de Submarinos

Após as menções de Medvedev à ‘Mão Morta’, Trump, em uma entrevista ao canal Newsmax, relatou que ordenou o envio de dois submarinos nucleares para uma localização mais próxima da Rússia, alegando que isso se trata de uma precaução necessária. “Ele [Medvedev] não deveria ter dito isso. Ele tem uma boca solta. Então, queremos sempre estar preparados”, afirmou Trump. Quando questionado se os submarinos estavam realmente próximos ao território russo, a resposta foi clara: “Sim, estão mais próximos da Rússia.”

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