protesto em São Paulo Contra a PEC da Blindagem

No último domingo, 21, a Avenida Paulista foi palco de uma expressiva manifestação em São Paulo, onde aproximadamente 42 mil pessoas se reuniram para protestar contra a PEC da Blindagem e a proposta de anistia aos condenados relacionados aos eventos de 8 de janeiro. O ato fez parte de um movimento nacional que se estendeu a pelo menos 20 cidades brasileiras, refletindo um descontentamento generalizado com as recentes decisões políticas.

De acordo com o Monitor do Debate Público da USP, a concentração na Paulista foi estimada em 42,4 mil participantes, um número bastante próximo ao registrado em um ato realizado por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) em 7 de setembro, que contou com 42,2 mil manifestantes. A diversidade do público – incluindo famílias, idosos e jovens – demonstrou a amplitude do apoio à causa.

Os manifestantes empunhavam uma grande bandeira do Brasil, contrastando com a bandeira dos Estados Unidos que foi levantada por bolsonaristas anteriormente neste mês. Diversos cartazes criticavam o Congresso, chamando-o de “inimigo do povo”, e exigiam a integralidade da pena de 27 anos imposta ao ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal. Mensagens contra a influência dos EUA também foram destaque, como a que exibia: “Trump, tire suas garras do Brasil”. Durante o ato, o rapper Rashid enfatizou: “Aqui, não tem bandeira dos Estados Unidos”.

Participando da manifestação, Sandro Eduardo Saraiva, de 52 anos, destacou a importância do evento, afirmando que “esta revisão histórica é algo que o Brasil está tendo a oportunidade de fazer”. Para ele, após a experiência de uma ditadura militar severa, o país deve evitar repetir erros do passado. “Hoje, o Brasil não pode repetir o que já foi”, afirmou. Sem vinculação partidária, ele observou que “qualquer pessoa que defende a justiça e uma democracia tem que estar aqui hoje, independente de partido ou ideologia política”. Ele classificou a PEC da Blindagem como “imoral e ilegal”.

Outro manifestante, Roberto de Matos Costa Junior, de 34 anos, também condenou tanto a PEC quanto a proposta de anistia, expressando: “Apoiar a PEC e a anistia é fracassar como democracia. Não é o caminho. O caminho é uma Palestina livre, não a anistia e não a PEC da Blindagem”.

Maria Regina Silva, de 67 anos, que levou suas netas de 19 e 13 anos à manifestação, enfatizou que a proposta do Congresso visa apenas interesses próprios. “Eles [o Congresso] só querem para eles”, disse. Para Maria, a presença das netas no protesto teve um significado especial, e ela afirmou: “Eu estou achando ótimo”, referindo-se ao apoio das jovens à causa.

A mobilização abordou ainda outras questões relevantes, como apoio à Palestina, o pedido para que a jornada de trabalho deixe de ser de 6×1 e a isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil. O ato, portanto, não apenas se posicionou contra a PEC da Blindagem, mas também serviu como um veículo para reivindicações sociais diversas, alinhando uma crítica contundente à situação política atual do Brasil.

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