Mudança no Comando da Secretaria-Geral da Presidência
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) informou a seus colaboradores que, ao voltar de sua viagem a Nova York, irá nomear o deputado Guilherme Boulos (PSOL) para o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Atualmente, a pasta é liderada por Márcio Macêdo, que deverá deixar o cargo para concentrar suas atenções na candidatura a deputado federal nas eleições de 2026, conforme revelaram fontes próximas ao governo e ao PT.
Com a efetivação dessa nomeação, a de Boulos tornará-se a 13ª alteração no primeiro escalão desde que a gestão petista começou. Além disso, a saída de Celso Sabino (União-PA) do Ministério do Turismo é esperada nos próximos dias, especialmente após um ultimato dado por seu partido.
No início deste ano, Lula já havia manifestado interesse em ter Boulos no governo. Segundo relatos do próprio deputado, o presidente teria mencionado que a oferta para ingressar na equipe ministerial exigiria seu compromisso de permanecer no cargo até o fim do seu mandato, o que o impediria de concorrer à reeleição na Câmara ou ao Senado em 2026 — já que ministros têm que se afastar pelo menos seis meses antes das eleições. Boulos, em conversas com interlocutores, indicou que estava disposto a aceitar as condições apresentadas pelo presidente.
A avaliação de integrantes do governo e aliados no Congresso é de que a chegada de Boulos ocorre em um momento crucial, em que o campo progressista necessita se reorganizar tanto nas redes sociais quanto nas ruas, com foco nas eleições do próximo ano. Os recentes protestos realizados por milhares de pessoas contra a PEC da Blindagem e a anistia a golpistas parecem ter influenciado a decisão de Lula em modificar a liderança da Secretaria-Geral em seu retorno ao Brasil.
A troca no comando da SGPR, que tem a responsabilidade de interagir com movimentos sociais, foi inicialmente noticiada pelo jornal Folha de S.Paulo. A demissão de Macêdo, que já era cogitada nos bastidores, ganhou força a partir de críticas recorrentes entre os aliados do presidente, que apontam um suposto distanciamento do governo em relação a esses movimentos. A insatisfação cresceu especialmente após Macêdo ter recebido, no Palácio do Planalto, um homem indiciado pela Polícia Federal por envolvimento na criação de áudios falsos de Lula durante as eleições de 2022.
Em Sergipe, reduto eleitoral de Macêdo, sua atuação também é vista com reservas devido a suas aproximações com o governador Fábio Mitidieri (PSD), que é adversário do diretório estadual do PT. Aliados revelam que o ministro tem aspirações de se candidatar ao Senado em 2026, mas essa pretensão pode provocar um conflito com Rogério Carvalho, atual líder do PT na Casa, que também deve buscar reeleição.