Estratégia de Comunicação do Presidente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu não comentar sobre a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), uma escolha considerada estratégica por seus assessores. Em conversas com ministros, relatadas ao Metrópoles, a análise foi clara: provocar sobre a situação do líder opositor poderia complicar as já desafiadoras negociações com os Estados Unidos, especificamente em relação ao tarifaço que entra em vigor nesta quarta-feira (6/8).
Conforme os relatos, qualquer comemoração da prisão de Bolsonaro poderia ser utilizada como combustível por seus apoiadores nas redes sociais e em conversas com a Casa Branca, insinuando que existe uma conivência entre o governo brasileiro e o Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro, por sua vez, tem reclamado de um suposto alvo dirigido contra ele, apontando o ministro Alexandre de Moraes como parte de uma suposta aliança com Lula, embora não apresente provas para tal acusação.
Na terça-feira (5/8), Lula inaugurou a 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), conhecido como Conselhão, no Itamaraty. Durante seu discurso, o presidente reforçou sua intenção de evitar discussões sobre seu oponente político ou sobre a taxação de 50% nos produtos brasileiros nos Estados Unidos.
“Hoje é um dia para boas notícias. Meu compromisso é não perder tempo falando sobre taxação. Falar o mínimo possível, pois se não, vocês vão comentar: ‘Por que Lula não mencionou isso? Ele está com medo do Trump?’ E não quero que essa imagem permaneça. Também não quero discutir o que aconteceu com o outro cidadão brasileiro que tentou dar um golpe”, afirmou Lula durante o evento, mantendo o foco em boas novas.
Lula sugeriu que poderia contatar Donald Trump, mas não para discutir tarifas, esclarecendo que a Casa Branca tem se mantido firme em suas posições. “Não vou ligar para Trump para debater tarifas, pois ele não está interessado em conversar sobre isso. Contudo, é certo que eu o convidarei para a COP, pois quero entender sua posição sobre as questões climáticas”, disse o presidente.
Repercussões nos EUA
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Em resposta à decisão de prisão domiciliar de Bolsonaro, o escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental dos Estados Unidos expressou sua desaprovação. O governo dos EUA “condenou” a ordem de Moraes e emitiu um alerta de que aqueles que colaborarem ou facilitarem ações sancionadas serão responsabilizados. O ministro em questão é alvo da Lei Magnitsky, que permite a aplicação de sanções individuais de natureza econômica e policial.
Além disso, Bolsonaro enfrenta acusações relacionadas a um inquérito sobre uma tentativa de golpe de Estado, sendo investigado por sua atuação e a de seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), junto à administração Trump. O STF está analisando se ambos estão envolvidos em ações que buscam retaliar o Brasil, incluindo as sanções comerciais previamente anunciadas.