As recentes explosões de pagers utilizados pelo Hezbollah, ocorridas no Líbano, foram provocadas por detonadores que foram clandestinamente inseridos por israel, conforme reportado por um artigo do The New York Times. Essa informação foi corroborada por um oficial do governo dos Estados Unidos, além de diversas autoridades que tiveram acesso às investigações relacionadas ao acontecimento.

De acordo com a publicação, o governo israelense teria implantado cargas explosivas em um lote de dispositivos de comunicação fabricados pela empresa taiwanesa Gold Apollo, os quais haviam sido importados pelo Hezbollah. Essa estratégia sofisticada envolveu a ocultação de uma pequena quantidade de explosivo, com menos de 50 gramas, posicionada estrategicamente ao lado da bateria de cada pager. Um dispositivo de acionamento remoto foi anexado, permitindo a detonação à distância.

A ação coordenada desencadeou explosões devastadoras nesta terça-feira (17/9), resultando na morte de, pelo menos, 11 indivíduos e deixando mais de 2.800 pessoas feridas em várias regiões do Líbano. Tanto o Hezbollah quanto o governo libanês prontamente responsabilizaram israel pela orquestração do ataque, embora o país ainda não tenha aceitado a autoria dos eventos.

Informações provenientes de fontes vinculadas à segurança libanesa, citadas pela agência Al Jazeera, indicam que os pagers afetados foram adquiridos pelo Hezbollah há cerca de cinco meses, sem que o grupo estivesse ciente da presença dos explosivos ocultos. O plano para maximizar a letalidade das explosões incluía um detalhe crucial: os dispositivos foram programados para emitir um sinal sonoro pouco antes da detonação, atraindo os usuários a interagir com os pagers e, assim, aumentando o potencial de fatalidades.

A fabricante Gold Apollo, responsável pelos pagers envolvidos nas explosões, ainda não se manifestou sobre o incidente, e a ausência de uma posição oficial gera ainda mais questionamentos sobre as circunstâncias das explosões.

Diante da gravidade da situação, especialistas têm levantado teorias sobre as causas por trás das explosões simultâneas dos pagers. A primeira teoria sugere que uma vulnerabilidade na segurança cibernética poderia ter sido um fator desencadeante, ocasionando o superaquecimento das baterias de lítio e, consequentemente, resultando na detonação inesperada dos dispositivos.

A segunda teoria é mais alarmante: ela propõe que o incidente poderia ser classificado como um “ataque à cadeia de suprimentos”. Nesse caso, os pagers teriam sido manipulados durante o processo de fabricação ou transporte, com explosivos sendo clandestinamente inseridos nos aparelhos. Um membro do Hezbollah, citado pela agência de notícias Associated Press, afirmou que os dispositivos experimentaram superaquecimento antes de explodirem. Ele mencionou também que os pagers eram de uma marca pouco utilizada pelo grupo, levantando ainda mais suspeitas sobre a segurança desses equipamentos.

David Kennedy, ex-analista de inteligência da Agência de segurança Nacional dos Estados Unidos, trouxe novas luzes sobre a situação ao comentar que as explosões, conforme a visualização em vídeos online, aparentavam ser grandes demais para serem resultado de um hack remoto que causasse a sobrecarga da bateria de lítio. Para Kennedy, a hipótese de agentes israelenses infiltrados no Hezbollah inserindo explosivos nos pagers e causando a detonação de forma coordenada parece mais plausível. Ele destacou que uma operação dessa magnitude exigiria uma intrincada rede de inteligência e manipulação em vários estágios da cadeia de suprimentos dos dispositivos.

“A complexidade necessária para implementar um plano dessa natureza é imensa. A operação teria requerido uma combinação de detalhes de inteligência e execução variados. A coleta de informações humanas (HUMINT) seria uma das principais abordagens utilizadas, complementada pela interceptação e modificação na cadeia de suprimentos dos pagers”, explicou Kennedy, destacando o nível de sofisticação de uma operação desse porte.

À medida que essa narrativa se desenrola, o mundo observa de perto as implicações que essas explosões poderão ter nas tensões regionais, bem como no impacto sobre a segurança e a estabilidade no Líbano e nas relações entre o Hezbollah e israel.

Share.
Leave A Reply

Exit mobile version