Fusão entre Marfrig e BRF: O Caminho para a MBRF

Na última terça-feira, dia 5, os acionistas da Marfrig e da BRF, líderes na indústria de carnes no Brasil, aprovaram a fusão proposta entre as duas empresas, resultando na formação da MBRF. Essa operação ainda precisa do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que regula a concorrência no país.

O Brasil, como sabemos, se destaca globalmente como o maior exportador de carne bovina e de frango, além de ser um dos países com o maior consumo per capita desses produtos. A fusão representa uma movimentação significativa no setor, considerando que a Marfrig já detinha aproximadamente 60% das ações da BRF antes da aprovação.

“Estamos confiantes na conclusão deste processo, que, claro, depende da análise do Cade”, declararam Marfrig e BRF em um comunicado conjunto. O órgão regulador está avaliando um recurso apresentado pela Minerva, uma concorrente direta no mercado de carnes, que busca barrar a fusão.

A Minerva justifica sua posição ao alertar que, se a fusão for aprovada, o fundo de investimento saudita SALIC poderá conquistar uma influência excessiva no mercado, fruto de sua participação acionária tanto na nova MBRF quanto na própria Minerva.

Com operações em 117 países e uma força de trabalho de 130 mil colaboradores, a MBRF pode atingir uma produção anual estimada em oito milhões de toneladas. Além disso, a união das receitas líquidas consolidadas nos últimos doze meses das duas empresas pode resultar em uma receita total de 152 bilhões de reais, consolidando sua posição como uma das gigantes do setor global de carnes.

Essa nova empresa ocupará a posição de destaque, posicionando-se atrás apenas da JBS e das americanas Cargill e Tyson Foods, conforme os balanços financeiros das companhias.

Desafios Ecológicos e Rastreabilidade

Marfrig e BRF estão entre as empresas brasileiras que adotam os melhores padrões de controle em relação ao fornecimento de gado, visando minimizar o desmatamento na Amazônia. Essa informação é corroborada por um estudo intitulado Radar Verde, que utiliza dados de 2024 para avaliar as práticas do setor.

No entanto, vale ressaltar que, apesar dos esforços, as empresas ainda não garantem o rastreamento completo das cabeças de gado que utilizam, conforme apontado em um relatório recente publicado em fevereiro deste ano.

Paulo Barreto, pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, explicou: “Se um frigorífico controla apenas a fazenda de engorda, é bastante provável que contribua para o desmatamento na Amazônia, uma vez que áreas de criação e recriação, que são fornecedoras indiretas, têm sido as mais afetadas”.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que a Amazônia abriga 43% do rebanho bovino nacional, destacando a importância da floresta na preservação ambiental.

Preservar a Amazônia é fundamental no combate às mudanças climáticas, uma vez que sua vegetação desempenha um papel crucial na retenção de gases de efeito estufa que contribuem para o aquecimento global. Assim, a fusão entre Marfrig e BRF não é apenas um movimento econômico, mas também um reflexo dos desafios sociais e ambientais que o setor enfrenta.

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