EUA e a Liderança nas Importações
No primeiro semestre de 2025, o Brasil se destacou no mercado global de café solúvel, com 81 países adquirindo o produto nacional. Com uma liderança marcante, os Estados Unidos são responsáveis pela importação de cerca de 361.000 sacas, consolidando-se como o principal comprador. O ranking segue com a Argentina, que comprou 193.298 sacas; a Rússia, com 138.492 sacas; a Indonésia, com 75.140 sacas; e o Peru, com 74.069 sacas. Essa performance robusta se deu em um cenário em que a incerteza tarifária gerada pelo governo dos EUA não prejudicou o fluxo das exportações, permitindo que as indústrias brasileiras mantivessem a estabilidade no abastecimento mundial. Aguinaldo Lima, diretor de Relações Institucionais da Abics, confirma que, apesar da pressão, o Brasil continua a ser o maior produtor e exportador de café solúvel do mundo.
Impactos das Novas Tarifas
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Entretanto, a situação pode mudar rapidamente. No dia 9 de julho, o presidente Trump anunciou planos para taxar em 50% os produtos brasileiros a partir de 1 de agosto. Essa medida acendeu um sinal de alerta entre os produtores do Brasil, que dependem fortemente do mercado americano, que atualmente responde por 19% das exportações em volume e receita. O Brasil, por sua vez, ocupa a posição de segundo maior fornecedor no mercado dos EUA, com uma participação de 24%.
Segundo Fabio Sato, presidente da Abics, essa possível taxação pode comprometer a competitividade do café solúvel brasileiro, fazendo com que o produto nacional perca espaço para alternativas de outros países. O México, por exemplo, poderia continuar a exportar sem tarifas, enquanto outros fornecedores enfrentariam taxas que variam de 10% a 27%. A questão, portanto, se torna crítica para a sustentabilidade da indústria brasileira no cenário internacional.
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Crescimento no Consumo Interno
Por outro lado, o consumo interno também apresenta números animadores. De acordo com dados recentes da Abics, os brasileiros consumiram 11.090 mil toneladas de café solúvel, o que equivale a aproximadamente 480.578 sacas, registrando um crescimento de 4,2% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Entre os diferentes tipos de café solúvel, o freeze dried (liofilizado) destacou-se com um aumento de 18,7%, totalizando 1.557 mil toneladas, enquanto o spray dried (em pó) teve uma leve alta de 2,5%.
Além disso, a soma do consumo de todos os tipos de café solúvel importado teve um aumento significativo de 23%. Segundo Lima, esse crescimento pode ser atribuído a dois fatores principais: a melhor qualidade dos produtos disponíveis no mercado e preços mais acessíveis em comparação a outros tipos de café.
Esse cenário positivo no consumo interno, somado à resiliência das exportações, mostra que, embora existam desafios à vista, o setor de café solúvel brasileiro continua a se reafirmar tanto no mercado interno quanto no externo. É um momento de vigilância, mas também de otimismo para a indústria, que sempre se reinventou frente aos desafios da economia global.