Calum Macdonald e a Trágica Experiência com Metanol

Quando Calum Macdonald chegou à fronteira do Vietnã, sua realidade se tornava cada vez mais opaca. Encara uma tela de impossibilidade; os formulários diante dele eram apenas um emaranhado de luzes ofuscantes e caleidoscópicas que não permitiam a leitura. Ele havia descido recentemente de um ônibus noturno, vindo de Vang Vieng, um destino turístico famoso no Laos, ao lado de seus amigos.

No dia anterior, o grupo se hospedou em um albergue que oferecia doses gratuitas de uísque e vodca. Calum, em um momento de despreocupação, misturou as bebidas com refrigerantes. Somente ao chegar à fronteira, sua visão deteriorada começou a levantar preocupações. ‘Eu lembro de sentir uma luz caleidoscópica e ofuscante nos meus olhos, a ponto de não conseguir enxergar nada’, contou ele.

Inicialmente, Calum e seus amigos atribuíam o episódio à intoxicação alimentar, pensando que a sensibilidade nos olhos era um mero efeito colateral das festividades. Contudo, ao chegar ao Vietnã, a situação se tornou mais alarmante. ‘Estávamos sentados no quarto do hotel, e eu me perguntei por que as luzes estavam apagadas. Ao olhar ao redor, percebi que, na verdade, estavam todas acesas.’ Desde aquele momento, a vida de Calum mudaria para sempre; ele hoje é cego.

Calum foi uma das vítimas de um grave caso de envenenamento por metanol que ocorreu em Vang Vieng em novembro do ano passado, onde seis pessoas perderam a vida. Dentre elas, duas jovens dinamarquesas que ele havia conhecido durante os festejos. O jovem britânico agora se une às famílias de três outros compatriotas que também faleceram devido a essa intoxicação, pressionando o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido por alertas mais eficazes sobre os riscos associados ao consumo de bebidas em regiões onde o metanol é uma preocupação significativa.

A Trágica História de Simone White

Simone White, uma das vítimas, consumiu as mesmas doses gratuitas de bebida um dia após a partida de Calum. Ela havia enviado uma mensagem a sua mãe, expressando que aquelas eram as melhores férias de sua vida. Porém, poucos dias depois, Simone foi internada às pressas devido a complicações geradas pela intoxicação. Sua mãe, Sue, recebeu um telefonema desesperador de um médico no Laos, que precisava de autorização para uma cirurgia de emergência no cérebro da filha. Infelizmente, Simone não sobreviveu, falecendo devido à intoxicação por metanol.

‘É muito difícil aceitar o que aconteceu’, desabafou Sue. ‘Nada trará Simone de volta.’ O metanol é um tipo de álcool frequentemente encontrado em produtos de limpeza e combustíveis, e quando consumido, é extremamente tóxico para os seres humanos. Bebidas alcoólicas podem ser contaminadas se não forem fabricadas corretamente, um problema recorrente em regiões onde bebidas destiladas de baixo custo são comuns.

Entendendo os Riscos do Metanol

Os sintomas de intoxicação por metanol podem se assemelhar a uma ressaca comum, tornando difícil para muitos reconhecerem que foram envenenados. Tontura, fadiga, dores de cabeça e náuseas são alguns dos sinais iniciais. Em estágios mais avançados, a intoxicação pode levar a convulsões, visão embaçada e até à cegueira total. A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alerta que apenas 30 ml de metanol podem ser letais. Contudo, se diagnosticado precocemente, entre 10 a 30 horas após a ingestão, o envenenamento pode ser tratado com sucesso por meio de diálise.

Outras vítimas, como Kirsty McKie, de 38 anos, também enfrentaram destinos trágicos relacionados ao mesmo problema. Ela, que estava em Bali, adoeceu após consumir bebidas contaminadas. Sua amiga, que também havia bebido, sobreviveu, mas ficou marcada pela perda. ‘Nós não tínhamos ideia’, declarou Sonia, angustiada. ‘Saber que uma sobreviveu e outra não é devastador.’ O mesmo ocorreu com Cheznye Emmons, que morreu após ingerir gim com níveis de metanol 66 mil vezes acima do permitido.

Conscientização e Prevenção

Calum aconselha os turistas a evitarem bebidas e destilados gratuitos, enfatizando: ‘Há muitas cervejas deliciosas no Sudeste Asiático’. Sua experiência e a perda de amigos mudaram sua visão de mundo. ‘Senti que, de alguma forma, tenho uma responsabilidade de alertar os outros para evitar que essa tragédia se repita.’ Hoje, Calum está adaptando sua vida à nova realidade e aguarda um cão-guia, encontrando gratidão em meio a desafios. A sua história serve como um alerta sobre os perigos invisíveis que podem acompanhar as férias.

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