Mercados Reagem às Novas tarifas de Trump

O dólar encerrou a última sessão da semana de forma praticamente estável, mesmo após se manter em alta durante boa parte do dia. Investidores estão atentos às reações, tanto no Brasil quanto no exterior, frente ao novo tarifaço comercial imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a diversos países.

No cenário nacional, o destaque dessa sexta-feira (11/7) ficou pela divulgação dos dados do setor de serviços no Brasil, referentes a maio.

Desempenho do dólar

A moeda norte-americana teve um leve aumento de 0,1%, sendo negociada a R$ 5,548 ao final do dia. Durante o pregão, a cotação atingiu um pico de R$ 5,592 e uma mínima de R$ 5,541. Na sessão anterior, o dólar havia encerrado com uma alta de 0,72%, cotado a R$ 5,543. Com isso, a moeda dos EUA acumula uma valorização de 2,1% em julho, mas apresenta perda de 10,2% em relação ao real desde 2025.

Ibovespa em Queda

O Ibovespa, principal indicador das ações negociadas na Bolsa de Valores do Brasil (B3), registrou uma queda de 0,45%, fechando aos 136,1 mil pontos. Na véspera, o índice também havia terminado em baixa, com queda de 0,54%, a 137,7 mil pontos. Com esses resultados, a Bolsa brasileira acumula perdas de 1,97% no mês, enquanto apresenta um ganho de 13,23% no ano.

tarifas Impostas por Trump

A nova tarifa de 35% sobre produtos canadenses, anunciada na quinta-feira (10/7), foi justificada por Trump em uma carta endereçada ao primeiro-ministro canadense, Mark Carney. O presidente afirmou que a medida é uma retaliação à suposta facilitação da entrada de drogas nos EUA. Essa decisão segue a mesma linha da tarifa de 50% que já havia sido imposta ao Brasil, com validade a partir de 1º de agosto.

Trump alertou que, caso o governo canadense decida retaliar, a tarifa poderá ser elevada ainda mais. Essa ameaça já havia sido direcionada ao Brasil na correspondência enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, Trump mencionou que cartas semelhantes seriam enviadas à União Europeia (UE) nos próximos dias.

Reação do Governo Lula

Em resposta ao tarifaço de Trump, Lula falou sobre a possibilidade de aplicar a Lei da Reciprocidade Econômica, introduzindo tarifas similares a partir de 1º de agosto, caso não haja uma resolução. O presidente ressaltou que organizará uma comissão com empresários para tentar negociar a taxa imposta pelos EUA. Se necessário, o Brasil recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC) e considerará novas parcerias comerciais.

Lula também acusou Trump de agir a pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro, argumentando que a taxação tem como objetivo interferir em processos judiciais relacionados ao ex-mandatário. O presidente enfatizou que o Brasil não se intimidará com provocações externas.

Setor de Serviços em Alta

Os dados do setor de serviços, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostraram uma alta de 0,1% em maio, na comparação com o mês anterior. Essa foi a quarta alta consecutiva, após três meses de queda. O setor agora está 17,5% acima dos níveis pré-pandemia e iguala o ponto mais alto registrado na série histórica do IBGE.

Comparando com o mesmo período do ano passado, o volume de serviços aumentou 3,6%, marcando a 14ª taxa positiva consecutiva. No acumulado dos primeiros cinco meses do ano, o setor avançou 2,5% e, em um período de 12 meses até maio, a alta foi de 3%. Apesar do crescimento, os dados ficaram abaixo das expectativas dos analistas do mercado, que previam um aumento de 0,4%.

Análise do Mercado

Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, comentou que o desempenho do dólar continua sendo afetado por incertezas fiscais internas e tensões comerciais globais. A possibilidade de tarifas adicionais dos EUA sobre produtos brasileiros intensificou a aversão ao risco e pressionou moedas emergentes. A expectativa de novas medidas protecionistas contra a UE e a continuidade da saída de capital estrangeiro aumentaram a demanda por dólares.

As incertezas fiscais e discussões sobre o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) também estão contribuindo para um ambiente cauteloso. Por outro lado, a valorização do petróleo e do minério de ferro trouxe um alívio ao final do dia, que foi marcado por alta volatilidade nos mercados.

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