**Conflito Irã-israel: A origem da rivalidade histórica**

A relação entre Irã e israel, marcada por um ciclo de tensão crescente, atinge um de seus pontos mais críticos. Recentemente, os dois países se envolveram em uma nova onda de confrontos, destacando a complexidade de suas interações nas últimas décadas. Para compreender a hostilidade atual, é essencial analisar a evolução dessa relação, que já foi pautada pela cooperação e aliança.

Na manhã do dia 13 de abril de 2024, israel executou um ataque sem precedentes, direcionado ao complexo nuclear iraniano e a figuras proeminentes do alto comando militar do país. Em resposta, o Irã não hesitou em retaliar, intensificando as preocupações sobre um potencial conflito mais amplo no oriente médio. Esta escalada ocorre em um contexto já marcado pela violência, especialmente após o início da guerra entre israel e Hamas em 7 de outubro de 2023.

Historicamente, a relação entre israel e Irã foi bem diferente do que se observa hoje. Até 1979, o Irã era considerado um dos principais aliados de israel, conforme ressaltado por especialistas em relações internacionais. A Revolução Iraniana, no entanto, provocou uma transformação drástica nesse panorama. Os aiatolás, que assumiram o controle do país, estabeleceram como um de seus principais objetivos a expulsão dos Estados Unidos do oriente médio e a substituição de israel pela Palestina. Essa nova postura se consolidou após a derrubada do Xá do Irã, que era um aliado próximo de israel e do Ocidente.

A hostilidade que caracteriza a relação atual teve seu auge em 1979, quando o regime monárquico do Xá foi derrubado por um movimento de fundamentalistas islâmicos. Este evento não apenas alterou o equilíbrio de poder na região, mas também intensificou as diferenças ideológicas entre os dois países. O analista de segurança nacional Peter Bergen destaca que, nos anos seguintes, as divergências políticas e ideológicas foram exacerbadas pelos erros cometidos pelos Estados Unidos, aprofundando assim a animosidade entre israelenses e iranianos.

Contrariamente à crença popular, a relação entre judeus e iranianos data de milênios, com comunidades judaicas vivendo no Irã por mais de 2.500 anos. Essa convivência pacífica foi um aspecto significativo da história do país, especialmente na primeira metade do século XX. O Irã foi um dos países que apoiaram o plano de divisão da Palestina proposto pela ONU em 1947, que visava a criação de um Estado judaico e um Estado palestino. No entanto, a situação se complicou após a declaração de independência de israel em 1948, que resultou em uma série de guerras entre o novo Estado e nações árabes vizinhas.

Com a ascensão do nacionalismo árabe e das tensões regionais, as relações entre o Irã e israel começaram a se deteriorar. Apesar das diferenças, o Irã manteve uma relação econômica favorável com israel, especialmente no setor de petróleo. Desde 1955, o Irã vendeu petróleo a preços reduzidos para israel, em um momento em que outros países árabes impuseram restrições. Essa colaboração econômica se estendeu até a década de 1970, quando a guerra dos Seis Dias e a Resolução de Cartum mudaram a dinâmica entre os dois países.

O auge da inimizade ocorreu com a Revolução Iraniana, que estabeleceu um regime teocrático sob a liderança do aiatolá Khomeini. A instauração deste regime não apenas encerrou a aliança anterior, mas também resultou em um endurecimento da postura iraniana em relação a israel. A partir de então, a narrativa anti-israel tornou-se parte fundamental da ideologia do novo governo.

Porém, mesmo após a revolução, houve momentos de cooperação limitada entre os dois países, como ocorrido durante a guerra entre Irã e Iraque, quando israel atacou um reator nuclear iraquiano em 1981, atrasando assim o programa nuclear do Iraque. Essa ação, embora estratégica, não alterou a trajetória de hostilidade que se consolidava entre Teerã e Jerusalém.

Em resumo, a transformação da relação entre Irã e israel de uma aliança estratégica para uma rivalidade acirrada é um fenômeno complexo, enraizado em questões ideológicas, políticas e históricas. O entendimento das causas desse conflito é fundamental não apenas para compreender a dinâmica atual no oriente médio, mas também para buscar soluções que promovam a paz e a estabilidade na região.

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