suplementos: Mitos e Verdades

Nos dias de hoje, é comum ver produtos como pós de colágeno e gomas para imunidade invadindo as prateleiras dos supermercados e nossos feeds nas redes sociais. Prometendo benefícios que vão desde um sono reparador até uma aparência radiante, os suplementos se apresentam como soluções rápidas para uma série de problemas de saúde. Contudo, como nutricionista, a dúvida mais frequente que recebo é se realmente vale a pena investir nesses produtos. A resposta? Depende do contexto. Embora alguns suplementos possam ter um papel importante em determinadas situações, muitos ainda são mal interpretados e excessivamente comercializados. Além disso, os riscos, limitações e estratégias de marketing nas embalagens muitas vezes passam despercebidos. Aqui estão cinco aspectos essenciais sobre suplementos que todo consumidor deveria considerar.

1. Priorize Alimentos em vez de suplementos

Quando se trata de obter nutrientes, sempre que possível, a melhor escolha é a alimentação balanceada. Segundo a Agência de Padrões Alimentares do Reino Unido, um suplemento é definido como um produto criado para corrigir deficiências nutricionais ou apoiar funções fisiológicas. Isso significa que eles foram feitos para complementar, não substituir, uma dieta rica em alimentos naturais. Os alimentos inteiros oferecem um espectro de nutrientes que interagem de maneiras complexas e benéficas, e essa sinergia é difícil de replicar em uma cápsula. Por exemplo, o salmão não só é uma excelente fonte de ômega-3, como também contém proteínas, vitamina D e outros compostos fundamentais. Os cientistas tentaram, sem sucesso, extrair os chamados ‘ingredientes ativos’ de frutas e vegetais, pois os benefícios parecem advir do alimento inteiro, não de compostos isolados.

2. Cuidado com o Excesso de suplementos

Tomar suplementos em excesso é mais fácil do que parece, especialmente quando comparado ao consumo de alimentos. Isso pode resultar em efeitos colaterais imediatos como náuseas ou diarreia, mas a longo prazo, as consequências podem ser ainda mais sérias. Muitas pessoas utilizam suplementos diariamente sem saber se realmente precisam deles ou qual é a dosagem adequada. Vitaminas que se acumulam no corpo, como A, D, E e K, podem trazer riscos. O excesso de vitamina D, por exemplo, pode causar acúmulo de cálcio, prejudicando os rins e o coração, enquanto altas doses de vitamina A podem levar a problemas no fígado e em gestações. Mesmo as vitaminas solúveis em água, como a B6, podem causar danos se ingestas em excesso.

3. Desconfie das Recomendações nas Redes Sociais

Com apenas alguns cliques, você pode se deparar com anúncios de suplementos prometendo efeitos mirabolantes, como “aumentar a imunidade” ou “desintoxicar”. Entretanto, esses termos carecem de base científica e são frequentemente utilizados como estratégias de marketing. A Agência de Normas Alimentares deixa claro que suplementos não são medicamentos e não têm propriedades farmacológicas. A desinformação é comum, especialmente nas mídias sociais, onde o marketing da saúde se tornou uma prática comum. A aplicação de regulamentações neste âmbito é frequentemente uma tarefa complicada, e muitos anúncios acabam ignorando as diretrizes estabelecidas.

4. O Foco da Indústria de suplementos é o Lucro

O mercado global de suplementos alimentares é avaliado em mais de 730 bilhões de reais, e como qualquer setor em crescimento, o objetivo principal é o lucro. Essa dinâmica influencia tanto o desenvolvimento quanto a comercialização dos produtos. Enquanto alguns suplementos têm respaldo científico, muitos são promovidos com alegações exageradas, frequentemente impulsionadas por influenciadores em vez de profissionais da saúde. Os produtos que realmente apresentam benefícios, como o ferro e a vitamina D, são geralmente menos chamativos.

5. suplementos Podem Não Ser Seguros para Todos

A facilidade de acesso a suplementos não garante que sejam seguros. Produtos rotulados como “naturais” podem interagir de forma adversa com medicamentos ou causar danos. A erva-de-são-joão, por exemplo, conhecida por suas propriedades para melhorar o humor, pode ser prejudicial quando combinada com certos antidepressivos ou anticoncepcionais. Além disso, altas doses de ferro podem provocar problemas digestivos. Popularmente, suplementos não são testados quanto à segurança em gestantes, e algumas substâncias podem afetar a gravidez ou passar para o leite materno. Portanto, antes de começar qualquer regime de suplementação, especialmente se você está grávida ou amamentando, consulte um profissional de saúde.

Embora os suplementos possam ser úteis em situações específicas, não são uma panaceia. Para quem busca melhorar a saúde, uma abordagem baseada em alimentos nutritivos é sempre a melhor escolha. Pergunte a si mesmo: “Preciso mesmo disso ou seria mais sensato investir em uma alimentação equilibrada?”

Rachel Woods não presta consultoria, trabalha, possui ações ou recebe financiamento de qualquer empresa ou organização que poderia se beneficiar com a publicação deste artigo e não revelou nenhum vínculo relevante além de seu cargo acadêmico.

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