milícias e Facções: Conexões Criminosas

Recentemente, parte do arsenal utilizado por facções criminosas na disputa de territórios no Rio de Janeiro (RJ) foi fornecida por uma milícia operante no interior de São Paulo. Essa milícia, formada por agentes públicos e empresários, vem se destacando por sua ligação com o Comando Vermelho (CV).

A prisão do policial militar (PM) José Casimiro de Lima Júnior, de 44 anos, na cidade de Limeira, na última semana, trouxe à tona as suspeitas de que a milícia, composta por PMs e guardas municipais (GCMs), está colaborando ativamente com a facção, uma investigação que já era conduzida pela Polícia Civil.

As lideranças do CV, que têm expandido suas atividades para o interior paulista, estão organizando suas operações a partir de complexos de favelas, onde encontram abrigo tanto para criminosos locais quanto para foragidos de outras regiões.

Os Chefões: Identidades e Atividades

Um dos principais nomes associados a essa rede é Luiz Carlos Bandeira Rodrigues, conhecido no submundo do crime como “Da Roça” ou “Zeus Muzema”. Ele é considerado uma figura central pelo Departamento de Polícia Civil do Rio de Janeiro e está foragido, embora ainda consiga exercer influência na zona oeste da cidade, fomentando conflitos entre milicianos por meio de seu temor.

Jonathan Ricardo de Lima Medeiros, conhecido como “Baixinho Mato” ou “Dom”, é outra figura relevante, provavelmente escondido no complexo do Alemão. Segundo investigações, ele lidera a venda de armas para traficantes da Rocinha e também está foragido, tendo começado sua trajetória criminosa na Paraíba, onde, entre outros crimes, ordenou a queima de um ônibus, resultando na morte do motorista.

Por sua vez, Josias Bezerra Menezes, de 41 anos, conhecido como “Senhor das Armas”, é um ex-pastor que se tornou um elo significativo entre o CV e o Bando do Magrelo, uma organização criminosa regional que disputa território com o Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo. Informações das investigações indicam que ele estaria se escondendo no complexo da Maré, sob a proteção do CV.

Operações e Execuções na Rede Criminosa

O ex-pastor é também responsável pela distribuição de armamentos pesados para o CV, conforme aponta um inquérito da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Limeira. Além disso, ele teria função de determinar alvos para assassinatos, sendo um dos nomes mencionados o PM Carlos Alexandre dos Santos, um policial que, segundo as apurações, estaria ligado a uma célula criminosa que presta serviços para o CV e o Bando do Magrelo.

José Casimiro, o PM preso, teria colaborado com Carlos Alexandre, conhecido como “Bicho”, que também enfrenta acusações graves e é considerado uma figura central na milícia que atua para o CV em Rio Claro. Durante as investigações, ele foi visto entrando em um condomínio com um carro clonado, reforçando a ligação com atividades ilícitas.

Ação Policial e Consequências Legais

A prisão de José Casimiro ocorreu no dia 27 de fevereiro, quando ele chegava para trabalhar na 5ª Cia. do 36º Batalhão do Interior, acompanhado por um grupo da Polícia Civil. Sua residência foi alvo de mandados de busca, resultando na apreensão de celulares, cartões e munições, que agora serão analisados pela perícia.

Investigadores revelaram que Casimiro estaria envolvido em crimes violentos, em especial homicídios, utilizando veículos clonados para execução de suas atividades criminosas. O modus operandi envolve deixar esses veículos abandonados ou queimá-los após os crimes, a fim de dificultar a identificação dos culpados.

Indiciado por tentativa de homicídio, falsificação de sinais identificadores de veículos, prevaricação, tráfico de drogas e associação ao tráfico, José Casimiro foi enviado ao Presídio Militar Romão Gomes, onde permanece sob custódia.

Defesa e Argumentos

Durante a audiência de custódia realizada no dia 28 de fevereiro, a defesa de José Casimiro argumentou que sua prisão era “ilegal,” alegando que ele possui residência fixa e é réu primário. O advogado Lucas Alvarenga questionou a evidência que ligava o PM à criminalidade, enfatizando que as provas se baseavam apenas em menções esporádicas a um apelido, “Bigode” ou “Bigodeira”. Entretanto, os argumentos da defesa não foram suficientes para libertar o acusado, que permanece detido.

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