Reunião Tensa com o PL

A reunião desta segunda-feira (21/7) entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e a bancada do Partido Liberal (PL) foi marcada por um clima pesado. Segundo relatos de quem esteve presente, Bolsonaro, visivelmente abatido, pouco se pronunciou e não apresentou propostas concretas em resposta às recentes decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. As novas restrições impostas a Bolsonaro, no contexto do tarifamento dos Estados Unidos ao Brasil, deixaram seus aliados preocupados com a eficácia das medidas que pretendem adotar.

Os aliados de Bolsonaro mostraram-se céticos quanto à possibilidade de que as iniciativas da oposição, voltadas a pressionar o STF, resultem em algo positivo. Após a reunião, os membros da sigla mencionaram a realização de mobilizações de rua em várias cidades do Brasil no início de agosto. Além disso, pretendem avançar com projetos no Legislativo, incluindo o impeachment de Moraes e a anistia aos envolvidos nos eventos do 8 de Janeiro.

De acordo com as fontes, o encontro serviu principalmente para reafirmar a unidade em torno de Bolsonaro, que se encontra impedido de se comunicar nas redes sociais e dar entrevistas. Essa proibição levou o ex-presidente a evitar a coletiva de imprensa por receio de ser preso. No entanto, ele acabou conversando ao deixar a Câmara, mostrando a tornozeleira eletrônica que agora é parte de sua rotina.

Consequências Imediatas e Reações

A reunião ocorreu logo após a decisão de Moraes, e Bolsonaro decidiu não fazer declarações para não violar a ordem judicial. Embora alguns aliados ainda defendessem que ele falasse na coletiva, ele permaneceu na sala da liderança do partido, enquanto o filho, Jair Renan, vereador em Balneário Camboriú, estava ao seu lado. Após o encontro, Bolsonaro teve que voltar para casa, evitando a exposição pública.

Enquanto isso, as lideranças do PL se dedicaram a traçar estratégias em resposta ao STF. Os parlamentares decidiram permanecer em Brasília, com o objetivo de monitorar possíveis ordens de prisão contra o ex-presidente. Moraes deu um prazo até o final do dia 22/7 para que Bolsonaro se explicasse sobre declarações feitas anteriormente no Congresso. Para seus aliados, essa fala revelou um estado emocional delicado do ex-mandatário, em meio às restrições que enfrenta.

Estratégias de Defesa do PL

Para fortalecer a defesa de Jair Bolsonaro, o PL estabeleceu três grupos de trabalho. A decisão foi divulgada pelo líder da sigla na Câmara, Sóstenes Cavalcante. Os grupos serão divididos conforme as seguintes funções: um primeiro grupo, sob a liderança do deputado Gustavo Gayer (GO), focará na comunicação interna do partido, garantindo uma abordagem unificada entre os líderes; um segundo grupo, liderado pelo deputado Cabo Gilberto (PB), se concentrará em mobilizações no Congresso; e o terceiro grupo terá a missão de promover mobilizações em todo o país, com o intuito de amplificar a voz de Bolsonaro.

Sóstenes Cavalcante afirmou que as tentativas de censura por parte de Moraes não vão silenciar Bolsonaro. O líder do PL também mencionou que as prioridades legislativas incluem a proposta de anistia aos envolvidos nos tumultos de 8 de Janeiro, uma PEC que limita o foro privilegiado de deputados e senadores e, por último, a articulação pelo impeachment de Moraes no Senado.

Ainda foi definido que serão organizadas manifestações em diversas cidades do Brasil para o dia 3 de agosto, em um esforço para mobilizar a base de apoio ao ex-presidente. “Vamos ocupar as ruas como resposta a essa situação”, destacou Sóstenes.

Restrições e Implicações Legais

As restrições impostas pelo STF a Bolsonaro incluem o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de se aproximar de embaixadas, assim como de manter qualquer contato com embaixadores e com seu filho, Eduardo Bolsonaro. Essas medidas são vistas como uma tentativa da Corte de impedir uma possível fuga de Bolsonaro para os Estados Unidos, onde seu aliado Donald Trump ocupa a presidência.

A Polícia Federal já informou ao STF que Bolsonaro poderia ter incentivado as sanções impostas pela administração americana ao Brasil. A Casa Branca anunciou a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto, em retaliação ao que Trump considera uma perseguição ao seu aliado. O ex-presidente já é réu em um inquérito no STF relacionado a uma suposta tentativa de golpe de Estado.

Os investigadores afirmam que as ações de Bolsonaro e de Eduardo começaram em 7 de julho, com o parlamentar se encontrando nos EUA desde fevereiro, buscando diálogo com autoridades americanas sobre as sanções contra o Brasil. A PF acredita que Bolsonaro instigou seus apoiadores contra o Judiciário, promovendo ações que contribuíram para a adoção das sanções, prejudicando as relações comerciais entre os dois países e dificultando o andamento do processo legal em curso.

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