Laudo do IML e suas Implicações

O Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro divulgou os resultados da segunda autópsia do corpo da brasileira Juliana Marins, que faleceu em um acidente enquanto escalava o Monte Rinjani, na Indonésia. Segundo o laudo, o estado de conservação do corpo prejudicou análises mais detalhadas, impossibilitando a determinação precisa do momento da morte.

A autópsia revelou que o embalsamento realizado na Indonésia, antes do transporte do corpo ao Brasil, dificultou a avaliação de sinais clínicos, como desidratação, possíveis indícios de violência sexual e hipotermia, além do horário exato do óbito. Marins foi encontrada quatro dias após a queda, que ocorreu na manhã do dia 21 de junho, em torno das 6h, horário local (19h de Brasília do dia 20).

Imagens captadas por drones e a equipe de resgate mostraram que a brasileira foi se distanciando da trilha após o acidente. Inicialmente localizada a 200 metros, seu corpo foi encontrado a uma profundidade entre 500 e 600 metros quando finalmente resgatado.

Avisos de um Sobrevivente

Em entrevista à BBC News Brasil, o irlandês Paul Farrell, que passou por um acidente similar mas sobreviveu, destacou as dificuldades enfrentadas no terreno instável do Monte Rinjani, cheio de pedras que podem causar quedas fatais. O laudo do IML apontou que a causa da morte de Marins foi uma hemorragia interna, originada por múltiplas lesões traumáticas, incluindo fraturas graves na pelve, tórax e crânio, causadas por um impacto severo.

Os legistas notaram sinais de ressecamento ocular e lesões musculares, mas não conseguiram confirmar se fatores ambientais, como hipotermia ou exaustão, contribuíram para a morte da brasileira. Apesar das lesões serem imediatamente letais, é possível que ela tenha experimentado um breve período de agonia física e psíquica.

Contrapontos nas Autópsias

A autópsia realizada na Indonésia, que foi requisitada pela família de Marins, também identificou um trauma contundente, resultando em danos a órgãos internos e hemorragias. O médico forense Ida Bagus Alit destacou a presença de fraturas no tórax, ombro, coluna e coxas, que teriam causado danos internos significativos. O laudo indonésio sugere que a morte ocorreu aproximadamente 20 minutos após o acidente, embora a dificuldade em determinar a hora exata se deva a diversas variáveis, incluindo o transporte do corpo.

O médico enfatizou que não havia sinais de hipotermia, e que a morte ocorreu logo após as lesões, o que gera questionamentos sobre a eficácia da operação de resgate.

A Linha do Tempo da Tragédia

De acordo com a sequência de eventos, Marins caiu no Monte Rinjani na manhã de 21 de junho, e horas após a queda, foi vista em imagens de drone ainda com movimentos. Inicialmente acreditava-se que ela havia caído a cerca de 200 metros de profundidade, mas uma investigação posterior identificou que ela tinha se afastado significativamente de sua posição original.

Após sua localização em 23 de junho, a equipe de resgate enfrentou condições adversas para chegar até ela. Finalmente, Marins foi declarada morta em 24 de junho, e seu corpo foi retirado no dia seguinte, 25 de junho, após muitas dificuldades de resgate, exacerbadas pelo mau tempo e pela precariedade do terreno.

A trágica morte de Juliana Marins chamou a atenção tanto no Brasil quanto na Indonésia, levando a críticas sobre a lentidão na operação de resgate e alegações de negligência. A família da jovem já anunciou planos de entrar com ação judicial, buscando respostas e justiça para a perda.

Reflexões sobre Segurança nas Trilhas

O monte Rinjani, já conhecido por seus acidentes, levanta discussões sobre a necessidade urgente de melhorias na segurança das trilhas. Especialistas e alpinistas têm apelado por medidas mais rigorosas, como a instalação de barreiras e a presença de guias experientes em pontos críticos. A falta de segurança apropriada para os alpinistas nesta popular rota de escalada tem sido um tema recorrente de debate.

O alpinista Galih Donikara defende que a instalação de estruturas de proteção e a conscientização dos guias sobre as dificuldades da trilha são essenciais. Além disso, muitos apontam que os alpinistas iniciantes muitas vezes desconsideram a necessidade de estar bem preparados fisicamente e equipados adequadamente.

O chefe do Parque Nacional do Monte Rinjani, Yarman Wasur, prometeu revisar as medidas de segurança após o incidente e melhorar as condições para os escaladores, demonstrando a urgência de abordar a segurança nas trilhas, não só para evitar acidentes tragédias como a de Juliana Marins, mas também para garantir que os aventureiros possam desfrutar das belezas do Rinjani de forma segura.

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