**Impacto do Conflito Irã-israel nos Custos de Fertilizantes e na safra Brasileira 2025/2026**
são paulo – O cenário atual para os agricultores brasileiros é preocupante, pois eles enfrentarão um aumento significativo nos custos de fertilizantes para a safra 2025/2026, que começará a ser plantada em setembro na região Centro-Oeste do brasil. Especialistas apontam que o conflito entre Irã e israel está ameaçando o fornecimento de insumos essenciais, acarretando desafios logísticos que podem impactar diretamente a produção agrícola no país.
Segundo um relatório recente da StoneX, a produção de ureia no Irã e no Egito, dois dos principais produtores desse fertilizante no Oriente Médio, está enfrentando interrupções. No caso do Egito, a redução no fornecimento de gás proveniente de israel é a causa da paralisação, enquanto no Irã, as fábricas de ureia e amônia foram obrigadas a interromper suas atividades devido aos riscos associados à guerra. Essa situação torna o brasil, que é um importador dependente de fertilizantes, ainda mais vulnerável a flutuações bruscas de preços, especialmente em tempos de instabilidade geopolítica.
Até agora, os agricultores no brasil conseguiram adquirir aproximadamente 61% dos fertilizantes necessários para o segundo semestre do ano, mas nem todos os pedidos foram entregues, segundo Renato Françoso, especialista da StoneX. Para aqueles que ainda não garantiram seus insumos, a situação é alarmante, pois enfrentam uma relação de troca desfavorável que pode forçá-los a reduzir a aplicação de fertilizantes na próxima safra. Em março de 2025, por exemplo, os agricultores precisavam vender 28 sacas de soja para comprar uma tonelada de fertilizante MAP, que contém nitrogênio e fósforo. No entanto, essa proporção subiu para 31 sacas apenas quatro meses depois, evidenciando a deterioração do poder de compra dos produtores.
Recentemente, um indicador elaborado pela Mosaic revelou que o poder de compra dos agricultores brasileiros em relação aos fertilizantes atingiu seu nível mais baixo em mais de 30 meses. Isso ocorre em um contexto de queda nos preços de commodities agrícolas importantes e aumento nos custos de adubos. Para os produtores de milho, a situação é especialmente delicada, já que o Irã é responsável por fornecer de 17% a 20% da ureia consumida no brasil. Jeferson Souza, analista da Agrinvest, ressaltou que as perspectivas para a ureia são incertas, e a logística conturbada representa um desafio significativo. Ele estima que o preço da ureia subiu 25% em comparação ao ano anterior.
Francisco Vieira, analista da Agroconsult, afirma que ainda é prematuro afirmar que os agricultores brasileiros optarão por reduzir a área plantada com milho ou soja devido aos altos custos dos fertilizantes. Ele ressalta que existem fornecedores alternativos fora do Oriente Médio, como china e Marrocos, que podem ajudar a mitigar essa dependência. Vieira não antecipa uma escassez de fertilizantes, mas enfatiza que o principal problema enfrentado pelos produtores é o preço elevado.
Evandro Turatto, diretor da Next Shipping, alertou que os fretes já estão dobrando para acessar o Estreito de Ormuz, uma área estratégica que o Irã ameaça fechar, o que pode afetar diversos setores da economia. Nos últimos dez dias, o custo do frete de contêineres fracionados aumentou, em média, 30%. Turatto destacou que, caso a guerra escale ainda mais, o brasil poderá enfrentar uma crise na cadeia de suprimentos sem precedentes, lembrando que os desafios impostos durante a pandemia não se comparam ao que está por vir.
Diante desse cenário complexo, os agricultores brasileiros devem se preparar para um período de incertezas. A combinação de altos custos de insumos, incertezas logísticas e a instabilidade geopolítica no Oriente Médio representa um desafio que pode impactar a produção agrícola e a economia do brasil como um todo. É fundamental que os produtores estejam atentos às mudanças do mercado e busquem alternativas para garantir a sustentabilidade de suas atividades.