Crescimento Alarmante de Picadas de Serpentes
O número de acidentes com cobras no Distrito Federal apresenta um aumento significativo de 41,5% no comparativo com o mesmo período de 2024. Os dados, divulgados pela Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), são alarmantes, especialmente em uma semana que marca o Dia Internacional de Conscientização de Acidentes Ofídicos. Até o dia 13 de setembro de 2025, foram registrados 92 casos de picadas de serpentes, um crescimento considerável em relação aos 65 eventos notificados no ano anterior.
Esses números refletem apenas os atendimentos realizados em hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e Unidades Básicas de Saúde (UBS) e revelam a gravidade da situação, que deve ser uma preocupação para todos os moradores da região. O engenheiro florestal Miguel Marinho, um dos que vivenciaram os perigos de um ataque de serpente, compartilha sua experiência após ser picado por uma cascavel em 2010, na região rural da Fercal.
“No momento, pensei que tivesse pisado em algo sem importância, mas ao levantar o pé, vi a cobra cair na água. O som do chocalho me fez perceber o que tinha acontecido”, relembra Miguel, que foi socorrido ao Hospital Regional de Sobradinho, onde recebeu soro antiofídico e ficou internado por 40 dias. “O tratamento começou rapidamente, mas os médicos me alertaram sobre o risco de complicações sérias, inclusive a possibilidade de amputação da perna”, completa.
Especialistas Alertam sobre Cuidados Necessários
A infectologista Talita Resende Leal Ferreira, do Hospital Anchieta, em Ceilândia, enfatiza a importância de saber o que fazer em caso de picada de cobra. Ela alerta que muitas práticas populares devem ser evitadas. “Algumas recomendações, como fazer torniquete ou aplicar substâncias, só aumentam os riscos de complicações e necrose local”, explica.
De acordo com Talita, o soro antiofídico não está disponível em todas as unidades de saúde do DF, sendo concentrado em hospitais sentinelas, como o HRAN (Asa Norte) e os hospitais regionais de Taguatinga, Ceilândia e Sobradinho. “O ideal é administrar o soro nas primeiras seis horas após a picada. O atendimento rápido é vital para um bom prognóstico”, acrescenta.
Além disso, a especialista recomenda cautela na identificação da cobra. “Nunca tente capturar o animal. É mais seguro memorizar suas características ou, se possível, tirar uma foto à distância, pois isso pode ajudar os profissionais a determinar o tratamento adequado”, orienta.
Identificação e Sintomas a Observar
Os sintomas de uma picada de cobra podem incluir dor intensa, inchaço, necrose, e até o risco de insuficiência renal ou hemorragias. Mesmo após a alta do hospital, o acompanhamento médico é essencial para monitorar possíveis sequelas e o funcionamento dos órgãos.
A recomendação primordial é manter a calma, minimizar a movimentação, lavar a área afetada com água e sabão, e buscar atendimento médico imediato. Se a vítima não conseguir se mover, é fundamental acionar o SAMU pelo número 192.
Para Talita, datas como o Dia Internacional de Conscientização são fundamentais para aumentar a conscientização sobre a prevenção de acidentes ofídicos. “Essas campanhas trazem à tona a discussão sobre o tema, ajudam a reduzir práticas arriscadas e favorecem políticas públicas de saúde, além de promover o treinamento dos profissionais envolvidos”, finaliza.