Construção que Divide a Cisjordânia

Na noite de quarta-feira, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, deu sinal verde para a construção de um assentamento que promete dividir Jerusalém Oriental da Cisjordânia ocupada. Essa decisão, segundo informações do gabinete do ministro, visa, de maneira direta, “enterrar a ideia de um Estado palestino”. O plano, que reativa o projeto E1, estava paralisado desde 2012 e agora levanta preocupações entre líderes palestinos e internacionais.

O assentamento, conforme detalhado, incluirá a construção de 3.401 residências destinadas a colonos israelenses na área entre Maale Adumim, na Cisjordânia, e Jerusalém. Essa movimentação é amplamente criticada, pois, segundo especialistas, fragmentaria a Cisjordânia em duas partes, inviabilizando a formação de um Estado palestino unificado e autônomo.

Críticas e Implicações da Decisão

Embora a aprovação por Smotrich tenha sido um passo significativo, não está claro se o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu endossa o plano. A resposta da comunidade internacional tem sido negativa, com muitos países considerando os assentamentos israelenses na Cisjordânia, bem como a ocupação militar desde 1967, como ilegais. A organização israelense “paz Agora” já se manifestou, afirmando que a ação representa um risco sério à solução de dois Estados, enfatizando: “Estamos à beira de um abismo, e o governo está nos empurrando à toda velocidade.”

Apesar da luz verde dada pelo ministro, o caminho para a construção efetiva ainda exige aprovações administrativas adicionais, incluindo uma do Conselho Supremo de Planejamento de Israel. Se tudo continuar conforme o cronograma, as obras de infraestrutura podem iniciar em breve, e a construção das novas moradias pode começar em até um ano.

Tensões Internacional e Nacional

No cenário internacional, o clima já estava tenso. Em junho, países como Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia impuseram sanções a Smotrich e a outros ministros de extrema direita, acusando-os de incitar a violência contra os palestinos na Cisjordânia. A crítica se intensifica, visto que muitos veem essa aprovação como um obstáculo significativo para qualquer acordo de paz duradouro na região.

Ademais, críticos do projeto levantam a bandeira de que essa construção isolaria Jerusalém Oriental, parte reivindicada pelos palestinos como a futura capital de um Estado independente. A pressão para o reconhecimento do Estado palestino tem crescido desde que o conflito em Gaza se intensificou, com a França, por exemplo, indicando que pode reconhecer a Palestina na próxima Assembleia Geral da ONU em setembro. Até o momento, 145 dos 193 países membros da ONU já reconheceram ou pretendem reconhecer a Palestina, reforçando a ideia de que a solução de dois Estados é a única via viável para a paz na região.

Em Busca de paz Duradoura

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, destacou que “a paz será apenas temporária enquanto israelenses e palestinos não tiverem seus respectivos Estados permanentes”. O reconhecimento da Austrália ao direito dos palestinos é um passo que se soma a uma crescente lista de países que buscam apoiar a causa. Em contrapartida, os Estados Unidos, que mantêm uma aliança histórica com Israel, continuam a não reconhecer a Palestina, acompanhados por outros aliados como Japão e Coreia do Sul, e pela maioria dos países da Europa Ocidental, exceto pela Suécia e Islândia.

Por fim, é importante lembrar que o Estado palestino foi proclamado unilateralmente em 1988 por Yasser Arafat, durante a Primeira Intifada, e a luta por seu reconhecimento tem sido um tema central desde então. Com o novo assentamento em pauta, o futuro do diálogo entre israelenses e palestinos parece mais incerto do que nunca.

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