Oposição e anistia: A Tensão na Câmara
O clima está quente na Câmara dos Deputados, especialmente entre os líderes da oposição. Luciano Zucco, representante do PL no Rio Grande do Sul, expressou sua insatisfação com a abordagem de Paulinho da Força, relator do polêmico projeto de anistia, que visa beneficiar os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. Em uma conversa com o Metrópoles, Zucco não hesitou em classificar como “desrespeitoso” o fato de Paulinho ter buscado apoio de ministros do Supremo Tribunal Federal e do ex-presidente Michel Temer, enquanto ignora as demandas das bancadas de direita que pressionam pela proposta. “Precisamos de menos interferência do STF e mais diálogo no Congresso”, enfatizou.
Para ele, a anistia é um tema delicado e a falta de consulta aos deputados que originalmente pautaram essa discussão é, no mínimo, estranha. “Estamos esperando ver o texto da anistia, que deve incluir vozes de deputados, advogados e familiares das vítimas, e não apenas dos ministros que, evidentemente, têm uma posição contrária ao assunto”, alertou.
Busca por Aprovação: O Périplo de Paulinho
Enquanto isso, Paulinho da Força tem feito um esforço considerável para reunir apoio em torno de um texto que tenha viabilidade no plenário. Em uma recente reunião com o ex-presidente Michel Temer, que ocorreu na noite de quarta-feira, 18 de setembro, Paulinho buscou o respaldo de figuras políticas importantes, incluindo a participação remota do atual presidente da Câmara, Hugo Motta. Aproveitando a conversa, ministros da Suprema Corte foram contactados para dar seus pareceres.
Após esses encontros, Paulinho da Força reiterou uma mudança significativa na proposta: o projeto não contemplará mais uma anistia completa, mas sim uma redução de penas, focada exclusivamente nos manifestantes do dia 8 de janeiro. Curiosamente, isso significa que o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda teria que cumprir pena, uma questão que certamente gera controvérsia. O novo texto tem sido referido como PL da Dosimetria, o que sugere uma abordagem mais restrita.
Relação com o STF: A Confiança de Paulinho
Em uma declaração ao Acorda, Metrópoles, Paulinho da Força comentou sobre sua longa relação com o ministro Alexandre Moraes, ressaltando que sua atuação como relator visa garantir que não haja afrontas ao Congresso, buscando sempre o equilíbrio nas tratativas. “Conheço o ministro Moraes desde os tempos em que ele atuava como advogado em São Paulo”, revelou Paulinho, sinalizando que sua escolha como relator poderia tranquilizar a cúpula do Supremo, que, segundo ele, está atenta a um projeto que respeite os limites institucionais.
O desfecho dessa situação ainda está para ser visto, mas o que se percebe é um jogo de poder no qual a oposição se vê pressionada a garantir que suas vozes, e as de seus apoiadores, sejam ouvidas na construção de um projeto que poderá alterar o cenário político brasileiro. A expectativa é que, nos próximos dias, haja mais movimentações nesse sentido, pois a anistia continua sendo um tema quente nas discussões da Câmara dos Deputados.