Críticas à Prática da polícia federal

Wladimir Matos Soares, agente da polícia federal (PF) atualmente réu na ação penal do Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta participação em uma trama golpista, não poupou críticas à sua própria corporação durante um interrogatório na noite desta segunda-feira, 28 de julho. Com a voz embargada, ele declarou que a PF deveria ter examinado com mais rigor o contexto dos indícios que o incriminam. “Minha própria polícia fez isso comigo”, afirmou, referindo-se à sua prisão em novembro do ano passado, no âmbito da Operação Contragolpe.

O nome de Soares ganhou destaque na investigação que apura a trama golpista, após a descoberta de gravações em que ele menciona um grupo armado com o intuito de prender ministros do STF. A operação que culminou na sua prisão, junto a quatro outros indivíduos, em 2024, desmantelou um suposto grupo que planejava e monitorava o assassinato de autoridades, incluindo o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Defesa e Justificativas do Agente

Durante o interrogatório, Wladimir reconheceu as acusações contra ele, mas reiterou que os fatos denunciados são falsos. Ao ser questionado sobre mensagens atribuídas a ele, que sugeriam sua disposição em se voluntariar para o suposto plano golpista, o agente esclareceu que consideraria ser “voluntário” apenas se fosse solicitado oficialmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) antes da transição de poder, ocorrida no início de janeiro de 2023.

Contudo, segundo Matos, qualquer ação estaria restrita ao âmbito da legalidade. Ele negou a conotação golpista das informações e afirmou que seguiria ordens hierárquicas da própria polícia federal ou do Ministério da Justiça. Além disso, o réu revelou ser “muito fã” do ministro Alexandre de Moraes, citando seu apreço pelos livros de Direito escritos pelo magistrado. Soares ainda lembrou que atuou na segurança de Moraes durante o período em que este ocupou o Ministério da Justiça e Segurança Pública, sob o governo de Michel Temer.

Depoimentos do Núcleo 3 da trama golpista

No mesmo dia, o STF ouviu os depoimentos dos réus do núcleo 3 da suposta trama golpista, que teria buscado manter Jair Bolsonaro no poder após a vitória de Lula nas eleições de 2022. Os acusados enfrentam sérias acusações, incluindo tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, e danos qualificados por violência e grave ameaça ao patrimônio da União, além da deterioração de bens tombados.

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