5G no Brasil: Potencial de Adoção Maior se Celulares Fossem Mais Acessíveis
Desde o início da implementação do 5G no Brasil em 2020, a tecnologia avançou notavelmente, alcançando 1,2 mil cidades e abrangendo cerca de 73% da população. No entanto, a adesão poderia ser ainda maior se os preços dos smartphones não fossem tão elevados, conforme sinaliza Carlos Roseiro, diretor de Marketing da Huawei.
Atualmente, o Brasil conta com aproximadamente 50 milhões de usuários de 5G, representando 23% da base total, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). “A adoção do 5G poderia ter se ampliado significativamente se os preços médios dos dispositivos tivessem diminuído como esperávamos”, comentou Roseiro em entrevista.
De acordo com o executivo da Huawei, embora o Brasil esteja progredindo na adoção do 5G, a trajetória poderia ser ainda mais favorável se os preços dos celulares tivessem seguido a queda observada com a implementação do 4G. “Quatro anos após o lançamento do 5G, o custo médio dos smartphones compatíveis gira em torno de US$ 500, enquanto que os dispositivos 4G tinham uma faixa média de US$ 300. Se essa redução nos preços tivesse sido mais acentuada, a adesão certamente superaria os atuais 23%”, enfatizou.
Desafio dos Smartphones Premium e Inclusão Digital
A preferência dos fabricantes por smartphones de alto valor agregado tem se mostrado um obstáculo significativo para a inclusão digital no país. “Parece que todos os fabricantes estão focados em dispositivos de alta gama. Até o momento, não identificamos empresas dispostas a investir no segmento de baixo custo”, observou Roseiro. Ele sugeriu que a indústria de tecnologia, juntamente com as operadoras e o governo, deve refletir sobre essa dinâmica. “Não é possível acelerar a inclusão digital com o 5G sem a disponibilidade de aparelhos mais acessíveis”, alertou.
A Huawei, uma das líderes mundiais em fornecimento de equipamentos para telecomunicações, também defende que a redução nos preços dos smartphones poderia beneficiar as operadoras, ajudando-as a recuperar os investimentos feitos na expansão da cobertura 5G nos últimos anos. Roseiro destacou que os usuários conectados ao 5G estão consumindo, em média, duas vezes mais dados do que aqueles que utilizam 4G, impulsionando o uso de conteúdo de áudio, vídeo e ferramentas de inteligência artificial. “Atualmente, temos uma penetração considerável do 5G na população, o uso está aumentando, e a experiência está melhorando. As operadoras estão vendo um retorno maior. Todos estão se beneficiando do 5G, mas poderíamos estar em uma situação ainda melhor? Sem dúvida”, concluiu.