Um Encontro Crucial em Abu Dhabi
Na quinta-feira (10/7), os líderes da Armênia e do Azerbaijão, Nikol Pashinyan e Ilham Aliyev, se reuniram em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, com o objetivo de discutir um acordo de paz que promete pôr fim a décadas de tensão na conturbada região de Nagorno-Karabakh. Este encontro marca o primeiro diálogo oficial entre os líderes desde março, quando as partes chegaram a um texto preliminar para a paz.
Historicamente, Nagorno-Karabakh, uma região autônoma situada dentro do território do Azerbaijão, é predominantemente habitada por armênios étnicos, gerando um histórico de conflitos. O primeiro eclodiu no final da década de 1980, após o parlamento local decidir pela unificação com a Armênia, o que provocou uma onda de violência sem precedentes.
Um cessar-fogo mediado pela Rússia foi alcançado em 1994, após anos de confrontos, resultando na vitória dos armênios étnicos, que mantiveram a administração sobre a região.
Revivendo as Hostilidades
Em 2020, a situação se intensificou novamente com a segunda guerra de Nagorno-Karabakh, iniciada por uma ofensiva militar do Azerbaijão visando recuperar os territórios perdidos. Embora o Azerbaijão tenha conseguido retomar partes do território, a totalidade de Artsakh não foi recuperada. Três anos depois, novas hostilidades se intensificaram com uma ofensiva surpresa das forças azeris, levando à fuga de mais de 100 mil armênios étnicos, conforme relatórios do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Esta onda de deslocamento forçado gerou uma crise humanitária significativa, com muitos refugiados buscando abrigo na Armênia.
O Caminho para a Paz
Durante a reunião em Abu Dhabi, Pashinyan e Aliyev discutiram vários tópicos relevantes, um dos quais foi o progresso nas negociações de delimitação de fronteiras, conforme comunicado conjunto das chancelarias dos dois países. Além disso, ambos líderes reafirmaram seu compromisso em prosseguir com as negociações bilaterais para a formalização do acordo de paz.
Pashinyan expressou disposição para assinar o texto final do pacto, sinalizando uma abertura para atender algumas demandas do governo de Aliyev, como a alteração na Constituição armênia e a criação de um corredor que ligaria o Azerbaijão ao exclave de Naquichevão, atravessando o território armênio.
Desafios Persistentes
No entanto, esses dois pontos têm se mostrado obstáculos significativos para o avanço do processo de paz. A reforma constitucional, que exigiria referendo popular, encontra resistência, com pesquisas recentes indicando que a maioria da população armênia não apoia tal mudança. Assim, a perspectiva de um acordo de paz duradouro permanece incerta, enquanto as tensões entre os dois países continuam a reverberar.
Como afirmou um analista político local, “a paz na região é um desejo comum, mas os desafios políticos e sociais são imensos e precisam ser superados para que se possa alcançar um futuro pacífico”.