**A Crise de Incêndios Florestais e o Desafio dos Brigadistas no brasil: Uma Realidade Alarmante**

Em 25 de agosto, uma equipe de brigadistas dedicados ao combate a incêndios florestais estava atuando em uma queimada na Terra Indígena Capoto/Jarina, localizada em Mato Grosso. Este território, habitado por seis etnias indígenas, é um dos últimos refúgios de biodiversidade na região do Xingu. No entanto, a área tem enfrentado uma escalada preocupante de incêndios, muitos originados ao redor de fazendas que cercam a terra indígena. Infelizmente, esse cenário culminou em tragédia. Durante a operação, todos os membros da brigada retornaram à base, exceto Uellinton Lopes dos Santos, de 39 anos, cuja morte foi confirmada no dia seguinte, quando seu corpo foi encontrado carbonizado na floresta devastada.

Santos era visto como um brigadista experiente, tendo atuado na área desde 2014. Sua morte provocou grande consternação no país, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou sua partida, descrevendo-o como um “herói”. A tragédia ocorreu em um contexto mais amplo de incêndios florestais, que, segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), atingiram níveis alarmantes no brasil; até 15 de setembro, foram registrados 184.363 focos de incêndio, um aumento de 104% em comparação ao ano anterior e o índice mais elevado desde 2010.

A combinação de seca intensa e práticas ilegais de grileiros e fazendeiros agrava essa situação. O fogo não apenas destrói a vegetação, mas também resulta em densas nuvens de fumaça tóxica, prejudicando a qualidade do ar em cidades como São Paulo e Porto Velho. Embora a crise tenha ganhado notoriedade em grandes centros urbanos, ela se manifesta com maior gravidade nas regiões rurais, onde os brigadistas enfrentam o calor extremo e a devastação em primeira mão.

Atualmente, o brasil conta com 3.299 brigadistas federais em sua luta contra incêndios, número recorde, mas que ainda parece insuficiente diante da magnitude da crise. Os relatos de brigadistas refletem a dureza desse trabalho, onde jornadas de mais de 10 horas em condições perigosas se tornaram rotina. Os combatentes enfrentam altas labaredas, ventos que podem ultrapassar 60 km/h e temperaturas que chegam a 1.000 graus Celsius, tudo isso enquanto lidam com o medo e a tristeza de observar a destruição de áreas que deveriam ser preservadas.

Kanã Waurá, uma jovem brigadista indígena de 20 anos, lidera sua equipe na mesma terra onde Santos perdeu a vida. Embora sua trajetória seja recente, Kanã expressa uma preocupação inquietante: “A situação é extrema. Estamos na pior temporada de incêndios que já vivemos.” Os anciãos de sua comunidade corroboram essa percepção, afirmando que nunca viram uma quantidade de fogo tão elevada. Muitos especialistas apontam para a estiagem severa que o brasil experimenta, afetando não apenas os rios em regiões como a amazônia, mas também acumulando vegetação seca que facilita a propagação das chamas.

A rotina dos brigadistas é desgastante e, com a intensificação dos incêndios, o foco no combate tende a se intensificar. As informações sobre novos focos de incêndio chegam por meio de comunicações do governo e denúncias de moradores locais. Kanã se posiciona na linha de frente, onde a situação pode se tornar caótica rapidamente, como ocorreu quando as chamas avançaram rapidamente em sua direção, forçando uma retirada desesperada.

A realidade dos brigadistas é marcada pelo risco constante de morte e pela iminência de desastres. Os profissionais, que recebem um salário mínimo, dependem de um seguro de vida que não condiz com a gravidade da situação. A morte de Uellinton Santos destacou a necessidade urgente de repensar a segurança e as condições de trabalho desses combatentes. Enquanto medidas governamentais são anunciadas, como aumento no número de brigadistas e melhorias no equipamento, a luta contra o fogo continua sendo uma batalha em que a natureza e o ser humano parecem estar em conflito.

Um tema emergente entre os brigadistas é como as mudanças climáticas estão tornando seu trabalho cada vez mais perigoso e desafiador. O brigadista Charles Pereira Pinto, com quase 14 anos de experiência, aponta que a intensidade e o comportamento do fogo mudaram drasticamente desde 2021, tornando o combate mais complexo e arriscado.

Além disso, a impunidade em relação a incêndios florestais e as políticas inadequadas de proteção ambiental são questões que geram indignação. As práticas que levam à degradação das florestas devem ser enfrentadas com rigor, e o fortalecimento da legislação ambiental é uma demanda urgente. Grupos de proteção ambiental têm chamado a atenção para a necessidade de um sistema de punição mais eficiente para aqueles que agridem a natureza.

A tragédia da morte de Uellinton Santos e o aumento dos incêndios florestais servem como um alerta para a sociedade sobre a importância da preservação ambiental e a segurança dos brigadistas! O futuro da biodiversidade brasileira depende não apenas das ações de combate ao fogo, mas também da conscientização e do engajamento de todos na luta pela proteção de nossos ecossistemas. A resistência dos brigadistas em face desse desafio é admirável, mas as medidas para garantir sua integridade, bem como a preservação das florestas, devem ser uma prioridade indiscutível.

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