Nos últimos anos, o brasil tem testemunhado um aumento significativo na divisão entre as áreas rurais e urbanas, uma divisão que, embora silenciosa, torna-se cada vez mais visível. Essa separação não é apenas geográfica, mas também de percepções, especialmente quando se trata do agronegócio. Um termo que antes simbolizava progresso e orgulho nacional agora carrega um peso negativo para muitos cidadãos. O agronegócio passou a ser visto como algo distante e impessoal, associado a sentimentos de ganância e exclusão, além de estar ligado à desigualdade social e às questões ambientais.
Mas como chegamos a essa situação? O problema não reside na essência do setor agrícola. O agronegócio brasileiro é reconhecido por sua competência, inovação e capacidade de superar desafios, tanto climáticos quanto logísticos. Afinal, ele desempenha um papel crucial em garantir a alimentação de mais de 200 milhões de brasileiros diariamente, com produtos de alta qualidade.
A questão central está na forma como esse setor se comunica com a sociedade. Durante muitos anos, a comunicação do agronegócio sempre foi voltada para o seu próprio público, os que já atuam e vivem no campo. Isso resultou em um distanciamento dos cidadãos urbanos, que muitas vezes se sentiram excluídos dessa discussão. Pior ainda, muitos passaram a ver o agronegócio com desconfiança, alimentada por uma comunicação que, em vez de promover o diálogo, se tornou agressiva e sarcástica. Essa postura, adotada por alguns influenciadores do setor, tem gerado um afastamento em vez de aproximação, rotulando o público urbano como “ignorante” ou “inimigo do progresso”, em vez de convidá-los a conhecer e apoiar o agronegócio.
Esse tipo de comunicação é um erro estratégico que pode se transformar em um obstáculo para o desenvolvimento do setor, que depende do apoio e da compreensão da sociedade para continuar avançando. Portanto, é crucial que se mude o tom dessa conversa. Se o objetivo é restabelecer a conexão entre o agronegócio e as cidades, é fundamental adotar uma abordagem mais clara, empática e respeitosa.
Uma sugestão para facilitar essa reconexão é a adoção do termo “agroalimento”. Essa palavra é simples, direta e esclarecedora, refletindo com precisão o que o setor realmente produz: alimento. O agro não apenas fornece insumos, mas sim alimento que nutre, sustenta e educa a população. Está presente em diversos aspectos do cotidiano, desde a merenda escolar até a mesa de cada família, passando pelos restaurantes e supermercados.
Utilizar o termo “agroalimento” é uma maneira eficaz de trazer o agronegócio de volta para a esfera do consumidor. É uma oportunidade de mostrar que a produção rural tem um nome, um cheiro, um rosto e um sabor que podem ser apreciados por todos. Essa mudança de terminologia também serve para lembrar que o campo e a cidade sempre estiveram interligados, e que essa conexão é vital para o progresso de ambas as partes.
Assim, é o momento de parar de se comunicar apenas entre os próprios membros do setor. É hora de abandonar as disputas nas redes sociais com aqueles que deveriam ser aliados e de promover um diálogo construtivo com o consumidor, que é, na verdade, o nosso cliente e parceiro.
Precisamos de vozes que promovam um entendimento mais profundo sobre o agronegócio, vozes que não apenas informem, mas que também convidem os cidadãos a se envolver e a compreender a importância do setor. A comunicação deve ser feita com sinceridade, mas também com empatia, focando em construir uma ponte entre o campo e a cidade, e não um muro que separe essas duas realidades. É fundamental que o agronegócio se apresente de forma acessível e acolhedora, convidando todos a participar dessa importante conversa sobre o futuro da alimentação e do desenvolvimento do brasil.