Diariamente, o hospital Veterinário do Zoológico de Brasília desempenha um papel vital na assistência a uma variedade de animais, abrangendo não apenas aqueles que residem na instituição, mas também os que são resgatados de situações críticas, como atropelamentos, incêndios florestais e outros crimes ambientais. Com o objetivo de garantir o bem-estar e a recuperação desses animais, a equipe veterinária do zoológico realiza um rigoroso processo de tratamento que inclui exames minuciosos e, quando necessário, intervenções cirúrgicas. Após o cuidado inicial, os animais são submetidos a um programa de reabilitação e, quando possível, são reintroduzidos em seus habitats naturais.
A colaboração entre o Zoológico de Brasília e diversos órgãos ambientais é fundamental para esse trabalho. O diretor-presidente da Fundação Jardim Zoológico de Brasília, Wallison Couto, destaca a importância dessa parceria com entes como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Brasília ambiental e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (icmbio). Essas entidades atuam em conjunto, direcionando animais ao hospital e Centro de Reabilitação da Fauna Silvestre (Hfaus) e ao zoológico, que possui a infraestrutura necessária para atender espécies de grande porte.
“Nossa equipe altamente qualificada trabalha junto a esses órgãos e aos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas). Atualmente, ainda não recebemos nenhum animal da Floresta Nacional de Brasília, mas permanecemos prontos para oferecer auxílio caso necessário. Temos realizado visitas regulares à Flona para monitorar possíveis situações de animais em necessidade e nossa equipe de nutrição já enviou dietas adequadas para a alimentação dos animais na região”, explica Couto.
O diretor-presidente também esclarece um importante aspecto da ressocialização dos animais: “O fato de um animal ter recebido tratamento em nosso Zoológico não significa que ele permanecerá em exibição. Antes de qualquer decisão, realizamos uma avaliação criteriosa em parceria com o Ibama ou com a instituição responsável por cada animal. Alguns indivíduos são tratados e voltam a viver no Zoológico, enquanto outros são reintroduzidos em seu ambiente natural.”
Atualmente, aproximadamente 30 animais que não pertencem ao zoológico estão sob cuidados no hospital Veterinário da instituição. Um exemplo notável é uma cadela-do-mato que chegou mancando, com indícios de ter sido atropelada. Após passar por diversos exames, incluindo raio-X, e ser avaliada, ela tem participado de um programa de tratamentos que inclui acupuntura, cromoterapia e fisioterapia, visando sua recuperação completa.
Outro paciente sob cuidados veterinários é um filhote de onça-parda, que foi encontrado após a constatação do abandono pela mãe. Desidratado e em estado crítico, o filhote foi acolhido em um recinto especial, onde está recebendo alimentação adequada e suplementação, conforme orientação da equipe zootecnista.
Infelizmente, o aumento no número de animais atropelados em rodovias é um reflexo preocupante dos incêndios florestais, pois muitas espécies se sentem obrigadas a deixar seus habitats em busca de segurança, atravessando estradas e, frequentemente, se tornando vítimas de acidentes. Tânia Borges, diretora do hospital veterinário do zoológico, ressalta a importância da infraestrutura inadequada com a qual os animais têm que lidar em suas migrações. O hospital conta com um centro cirúrgico moderno e equipamentos avançados de raio-X, além de uma equipe especializada que lida com cirurgias e anestesias em uma base contínua. Uma vez recuperados, os animais são microchipados para garantir sua identificação, e uma reunião com o Ibama é agendada para discutir os próximos passos para cada indivíduo.
“Nosso objetivo primordial é reintegrar esses animais à natureza. Por isso, minimizamos nosso contato com eles, garantindo que nossa interação se restrinja ao que é necessário para sua reabilitação. Após a análise clínica e a recuperabilidade confirmada, seguimos com um programa rigoroso de recuperação e reintrodução, de acordo com as diretrizes do Ibama”, esclarece Tânia Borges.
É crucial enfatizar que o Zoológico de Brasília não aceita animais diretamente do público; todos os resgates devem ser feitos por meio de órgãos ambientais competentes. Caso alguém encontre um animal silvestre ferido ou que pareça estar perdido, a orientação é entrar em contato com o Batalhão de Polícia Militar ambiental (BPMA) pelo telefone 190, que tomará as medidas apropriadas para o resgate em conformidade com as diretrizes legais.
O biólogo Thiago Silvestre, do Instituto Brasília ambiental, complementa essa informação ao afirmar que a migração forçada de animais em busca de novos habitats devido a incêndios florestais frequentemente resulta em atropelamentos, choques elétricos e ferimentos relacionados a linhas de cerol. Isso tudo está intrinsecamente ligado à influência humana no meio ambiente e às alterações climáticas, que têm um impacto devastador sobre a fauna local e podem potencialmente levar à extinção de certas espécies.
Perante essa situação crítica, o Governo do distrito federal (GDF) tomou a iniciativa de instalar, no dia 18 deste mês, uma tenda de apoio dedicada ao resgate de animais silvestres e domésticos afetados pelos incêndios no Parque Nacional de Brasília. Essa ação, coordenada em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente (Sema-DF) e o Instituto Brasília ambiental, visa proporcionar atendimento de emergência aos animais feridos e garantir sua reabilitação, promovendo a reintegração ao habitat natural. Esta iniciativa é parte dos esforços contínuos do GDF para preservar a fauna e mitigar os efeitos negativos dos incêndios no ecossistema do distrito federal.