Na madrugada de terça-feira, 10 de dezembro, o vigilante Paulo Neres, de 41 anos, foi gravemente ferido durante uma violentíssima troca de tiros com traficantes em Taguatinga. Ele está internado no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) após o confronto, que ocorreu enquanto ele realizava a escolta armada de um caminhão de carga. Infelizmente, no mesmo incidente, o outro vigilante, identificado como Ronivon Lima Grolo, perdeu a vida no local. Essa tragédia se desdobrou a partir da descoberta de 400 kg de skunk, uma variação da maconha conhecida como supermaconha, que estava sendo transportada no caminhão.
A situação começou quando o motorista Cleomar Marcos da Silva, que transportava eletrônicos para uma empresa, decidiu enganar tanto os traficantes quanto sua própria transportadora ao desviar a carga para o tráfico de drogas, em uma entrega programada para a Serra, no Espírito Santo. A investigação policial, inicialmente classificada como tentativa de assalto, revelou um plano cuidadosamente elaborado em que Cleomar desempenhou um papel central. Vale destacar que Cleomar é um usuário de drogas e, durante a viagem, fez uso de cocaína, o que comprometeu seu estado de saúde e resultou em sua hospitalização em tocantins, onde ele disse ter sofrido um ataque que justificava seu atraso.
Com o intuito de proteger a carga de eletrônicos, a transportadora enviou dois vigilantes para fazer a segurança do veículo. No entanto, Cleomar, incapaz de se comunicar com os traficantes, deixou os criminosos em estado de alerta, preocupados com a possível perda do carregamento de drogas. Assim que Cleomar recuperou-se e pode completar o trajeto, ele continuou a viagem já sob a proteção dos vigilantes.
A escalada da tensão ocorreu quando um dos traficantes, em uma tentativa de coagir Cleomar, enviou uma mensagem de voz ameaçadora, afirmando que estava armado com um fuzil. Sem resposta do motorista, os criminosos decidiram seguir pela mesma rota do caminhão, onde acabaram encontrando os vigilantes e Cleomar, resultando em um intenso tiroteio na BR-070, cerca da QNM 40. O confronto culminou na morte de Ronivon, que foi encontrado sem vida pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) quando chegou ao local. Paulo Neres, por outro lado, foi socorrido e levado ao HRC, onde seu estado era grave.
Após o tiroteio, os policiais militares encontraram evidências do confronto, incluindo marcas de pneus do carro de escolta e várias cápsulas de fuzil. Durante a abordagem, a PMDF apreendeu quatro armas de fogo que estavam com os vigilantes: uma pistola .40, dois revólveres calibre 38 e uma espingarda calibre 12.
A empresa Judá Segurança Privada, responsável pela proteção do caminhão, expressou seu profundo pesar pela morte de Ronivon Lima Grolo em suas redes sociais. A nota prestou homenagem ao vigilante, ressaltando seu valor e dedicação, sabendo que ele era considerado um “nobre guerreiro” por parte da equipe. Embora a empresa tenha lamentado a perda de um colaborador tão estimado, não fez menção ao caráter ilícito da carga que estava sendo transportada no caminhão.
O texto da nota dizia: “Hoje perdemos um nobre guerreiro que lutou com todas suas forças até seu último suspiro. Fica o amor e a admiração que sentimos por ele. Você chegou à nossa equipe e rapidamente se tornou uma parte especial de cada um de nós. A saudade será eterna, mas nos conforta saber que você agora está em um lugar de paz. Descanse nos braços de Deus, onde o sofrimento não existe. Nossos sinceros sentimentos à família e amigos que enfrentam este doloroso momento pela perda de um grande profissional e um ser humano excepcional. Sua memória sempre será honrada entre nós.”
Esse trágico evento não apenas expõe os riscos enfrentados por profissionais de segurança em suas funções diárias, mas também ilumina a complexa intersecção entre o tráfico de drogas, a criminalidade organizada e os desafios enfrentados por aqueles que se dedicam à proteção de bens e pessoas em um ambiente cada vez mais violento.