A denúncia do Ministério Público que acusa o ex-delegado-chefe da Polícia Civil do Distrito Federal Robson Cândido de cometer ao menos sete crimes contra a ex-amante contém uma série de provas, como vídeos, arquivos de áudio, imagens e vídeos. O material, obtido pela Globo News, mostra que Cândido usou a estrutura da corporação para praticar os crimes de stalking e de violência psicológica contra a vítima.
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O delegado está preso desde o início de novembro. Além de Cândido, o ex-delegado da 19ª Delegacia de Polícia, de Ceilândia, Thiago Peralva também é investigado. Os dois teriam se unido para cometer os crimes em contexto de violência doméstica e familiar e também contra a administração pública.
No material apresentado à Justiça, a vítima conta que, no dia 22 de agosto, ela pediu para terminar o relacionamento extraconjugal. No entanto, Cândido a aguardou na saída do trabalho, em Águas Claras – um local que ela diz ser restrito.
A mulher filmou a conversa entre ela e o suspeito (veja vídeo acima). Na conversa anexada à denúncia, Cândido insistiu para que a mulher fosse com ele, mas ela se recusou e reclamou por ele ter ido ao trabalho dela. Veja o diálogo abaixo:
Vítima: “É, você está me perseguindo aqui no meu ambiente de trabalho. É isso que você está fazendo.”
Cândido: “Vamos levar a sua mãe para almoçar? Eu pago a churrascaria para ela.”
Vítima: “Meu Deus do céu.”
Cândido: “Vamos, vamos. Eu te deixo lá.”
De acordo com a denúncia do Ministério Público, a vítima bloqueou Robson Cândido no WhatsApp e nas chamadas do telefone. No entanto, ele passou a usar as linhas corporativas da Polícia Civil para fazer chamadas e mandar mensagens, ainda de acordo com os promotores.
Por causa disso, a mulher disse que passou a gravar as ligações que ela recebia de números desconhecidos. Em um áudio, ela chega a dizer que não tem mais interesse no delegado, mas ele insiste em manter o relacionamento.
No material entregue pela mulher aos investigadores, que está em poder do Tribunal de Justiça do DF, a vítima anexa mensagens de texto que, segundo ela, foram enviadas ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) – “chefe” de Robson Cândido.
Na conversa, a ex-amante do chefe da polícia envia vídeos e um texto extenso no qual relata estar sendo perseguida pelo homem (veja imagem acima).
A mulher acusa Cândido de usar carros oficiais da polícia, fazer coações, a segurar pelo braço e dizer que sua integridade física estava em risco. O então chefe da Polícia Civil dizia ainda, segundo ela, que a única pessoa que ele respeitava era o governador do DF.
A vítima pede ainda uma conversa com Ibaneis, e diz que queria tentar resolver o caso sem exposição na mídia, segundo os documentos da MP. O print aponta que a mensagem foi enviada no último dia 23 de agosto.
Em resposta, segundo o print apresentado pela mulher, Ibaneis diz: “Melhor procurar a delegacia”. A vítima, então, responde: “OK”.
O problema, neste caso, é que qualquer delegacia do Distrito Federal naquele momento era chefiada, justamente, por Robson Cândido – o acusado da lista de crimes. Ao g1, o governador disse que não vai comentar o caso.
Em razão do posto que ocupava à época, Robson Cândido conhecia muita gente na Polícia Civil do DF.
Um dos vídeos anexados ao processo mostra a vítima narrando que foi a uma delegacia para registrar queixa contra o então diretor-geral que, para sua surpresa, também apareceu por lá.
O caso teria acontecido no último dia 29 de setembro, um mês após a mulher pedir ajuda ao governador Ibaneis Rocha.
Segundo a ex-amante, o diretor-geral da Polícia Civil apareceu na sala do delegado, enquanto ela tentava registrar queixa, para tentar intimidá-la e dissuadí-la de registrar a denúncia. Ainda de acordo com a mulher, Robson Cândido já tinha admitido que a monitorava.
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