Desdobramentos da Operação Sem Desconto

A prisão de Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS“, na última sexta-feira (12), trouxe à tona uma séria suspeita de que informações sigilosas sobre a operação Sem Desconto teriam vazado. Instituída pela Polícia Federal (PF) em 23 de abril de 2025, a operação tem como alvo a investigação de fraudes no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), especificamente relacionadas a descontos indevidos nos pagamentos de aposentadorias e pensões, por meio de associações fraudulentas.

A prisão de Careca, apontado como um dos principais operadores do esquema, ocorreu em conjunto com a detenção do empresário Maurício Camisotti, que possui laços com pelo menos três entidades investigadas. Além deles, o advogado Nelson Wilians também é alvo da investigação, sendo investigado por possíveis ligações com operações de lavagem de dinheiro associadas a Camisotti.

A Análise da PF e Decisões do STF

De acordo com informações que foram apuradas, o Supremo Tribunal Federal (STF) analisou um pedido de prisão de Wilians, mas o relator do caso, ministro André Mendonça, decidiu por não acatar o requerimento, citando que, apesar das “fundadas suspeitas de participação”, não havia risco de fuga ou obstrução da investigação por parte do advogado.

Relatos de denúncias que chegaram à PF indicavam que, pouco tempo antes da operação, três indivíduos teriam agido de forma suspeita ao acobertarem veículos de alto valor em um shopping em Brasília, no dia 22 de abril. Após a verificação, foram encontrados uma Ferrari e duas Mercedes-Benz no local.

O cumprimento da diligência, segundo a PF, começou a desvendar o primeiro ponto de conexão entre a ocultação de patrimônio e um possível vazamento da operação.

Investigação Aprofundada e Informações Privilegiadas

Outro indicativo de que os investigados poderiam ter recebido informações privilegiadas se deu durante uma busca na residência de Maurício Camisotti. A ação policial, embora realizada sem problemas, não encontrou os alvos em casa. A empregada doméstica informou que o casal saiu no dia 22 de abril, justo antes da operação, e que Maurício havia enviado uma mensagem informando que estaria viajando.

Essas evidências coletadas pela PF indicam que Camisotti, Wilians e Careca estavam cientes das investigações em curso e da possibilidade de serem alvos da ação policial devido a suas atividades relacionadas à associação AMВЕС.

Defesas e Reação dos Envolvidos

Em defesa de Maurício Camisotti, seus advogados argumentam que não existem justificativas para sua prisão e afirmam que houve uma “arbitrariedade” na condução da operação. Eles alegam que o empresário estava em conversação com seu advogado quando teve seu celular confiscado, o que, segundo a defesa, infringe direitos constitucionais básicos.

“Estamos determinados a reverter essa situação e garantir que os direitos do nosso cliente sejam respeitados”, afirmaram os advogados.

Por outro lado, a defesa de Nelson Wilians expressou total colaboração com as autoridades e reafirmou a inocência do advogado. Eles ressaltaram que a relação de Wilians com Camisotti se limita ao âmbito profissional e que a transação financeira mencionada durante a investigação era legítima.

“O advogado permanece à disposição para esclarecimentos e reafirma seu compromisso com a legalidade e transparência”, concluiu a nota de defesa.

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