Protestos e Segurança em Alta
Na noite de sexta-feira, Donald Trump desembarcou na Escócia, com uma agenda que une compromissos diplomáticos e sua paixão pelo golfe. Contudo, sua chegada não ocorreu sem controvérsias, já que uma série de protestos contra sua visita foram convocados, motivando um intenso esquema de segurança.
Além de suas partidas de golfe, Trump tem compromissos oficiais, incluindo uma reunião no domingo com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e um encontro com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.
O ex-presidente chegou ao aeroporto de Prestwick, próximo a Glasgow, por volta das 20h30 (horário local), e seguiu para Turnberry, onde se localiza um dos luxuosos campos de golfe de sua organização. Seu primeiro dia na Escócia, programado para este sábado, será dedicado ao golfe, em meio a um ambiente de segurança reforçada, mesmo que distante das manifestações planejadas em várias cidades escocesas.
Em função da visita de Trump, a geralmente tranquila região sudoeste da Escócia se transformou em uma fortaleza, com ruas bloqueadas e uma série de pontos de controle estabelecidos pela polícia. Na manhã de sábado, tanto policiais quanto militares patrulhavam o histórico campo de golfe, que já sediou o British Open masculino em quatro ocasiões, enquanto atiradores de elite eram posicionados em andaimes nas proximidades, como noticiado por um jornalista da AFP.
A presença do ex-presidente gera reações mistas. Embora ele tenha manifestado seu apreço pela Escócia, berço de sua mãe, seus investimentos e políticas têm gerado polêmica localmente. “Muitas pessoas não confiam em Trump, e eu sou uma delas. Acho que ele é um megalomaníaco”, disse Graham Hodgson, aposentado que se manifestou contra a visita.
Operação de Segurança em Grande Escala
Para a polícia escocesa, a chegada de Trump significou a mobilização de uma operação de segurança abrangente, com reforços de outras forças policiais do país. A coalizão Stop Trump anunciou manifestações em Edimburgo e Aberdeen, onde o ex-presidente visitará outro complexo de golfe da Trump Organization.
Os críticos questionam a ética de Trump, que, embora não tenha mais controle legal sobre muitos dos projetos da sua holding, é acusado de usar sua influência para promover os interesses de sua família, especialmente no exterior. A polícia também se prepara para possíveis protestos em Turnberry, onde Trump pretende passar o dia jogando golfe, que ele mesmo descreveu como “o melhor campo do mundo”.
O primeiro-ministro da Escócia, John Swinney, mencionou que o país “mantém uma forte amizade com os Estados Unidos, que remonta a séculos”, e expressou que a visita é uma oportunidade para a Escócia se manifestar sobre importantes temas como guerra, paz e justiça.
Negociações Comerciais e Expectativas
“Estou na Escócia agora. Muitas reuniões previstas!!!”, publicou Trump em sua rede social Truth Social após chegar. Neste sábado, não há compromissos oficiais para o ex-presidente, que se reunirá com Ursula von der Leyen no domingo. A presidente da Comissão Europeia busca um acordo para evitar tarifas adicionais de 30% anunciadas por Washington.
Ao desembarcar, Trump comentou que as chances de um acordo com o bloco europeu eram “50%”, com divergências em “cerca de 20 pontos diferentes”. Ele também deve se afastar temporariamente dos campos de golfe para dialogar com Keir Starmer, cujos interesses se concentram mais em política comercial do que em golfe.
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Em maio, Estados Unidos e Reino Unido firmaram um acordo comercial que evitou tarifas elevadas ameaçadas por Trump, mas Londres teme que o ex-presidente busque “ajustes” nesse acordo durante sua visita. Trump já indicou que a conversa com Starmer será “mais uma celebração do que uma sessão de trabalho”, afirmando que “o acordo está fechado”.
Embora as tarifas sobre aço e alumínio não tenham sido reduzidas, o Reino Unido continua isento das taxas de 50% aplicadas às importações dos EUA. Trump, no entanto, alertou: “Se eu fizer isso por um, terei que fazer por todos”.
A visita de Trump à Escócia também o afasta dos desdobramentos do polêmico caso Epstein, que continua a gerar críticas e especulações sobre seus laços com o ex-financista. A chegada à Escócia se dá em meio a questionamentos sobre a relação de Trump com Epstein, que morreu em sua cela em 2019 após ser acusado de crimes sexuais. Trump negou qualquer envolvimento, declarando que não foi informado sobre menções a seu nome nos documentos do caso, mesmo após um relatório do Wall Street Journal ter revelado os vínculos.
O primeiro-ministro John Swinney destacou a longa amizade da Escócia com os EUA, reiterando que a visita de Trump é uma oportunidade significativa para que a voz escocesa seja ouvida em questões cruciais. Vale lembrar que, em uma visita anterior em 2023, Trump revelou sentir-se em casa na Escócia, onde sua mãe nasceu e viveu até emigrar para os EUA.