A Análise do Legado Democrático
Em 2018, o renomado acadêmico Steven Levitsky lançou seu impactante livro “Como as Democracias Morrem”, que deixou muitos leitores bastante apreensivos. Agora, cinco anos depois, ele busca trazer um sopro de otimismo com “Como Salvar a democracia”. Contudo, com os recentes desdobramentos no Salão Oval, a expectativa é de que um novo título de sua autoria, “Como Ressuscitar a democracia”, possa surgir em breve.
A tradição dos Estados Unidos em relação aos assassinatos de presidentes em exercício é, no mínimo, curiosa. Ao longo da história, diversos presidentes enfrentaram tentativas de assassinato ou, infelizmente, foram assassinados. O que surpreende nesta nova fase, no entanto, é o fato de que Donald Trump não está atacando um presidente vivo, mas sim a memória de um ícone nacional: George Washington. O ex-presidente, ao que parece, promoveu um caso inédito de ‘morte póstuma’, desafiando a figura do primeiro presidente da nação, mais de 200 anos após sua morte.
George Washington não é apenas reconhecido como o primeiro presidente dos EUA, mas também é aclamado como o Pai da República, Pai da democracia e Fundador dos Estados Unidos. Essa rica herança parece estar sendo ignorada por Trump, que, com suas ações, demonstra não apenas um desconhecimento, mas uma desvalorização e um intento de desmantelar tais legados, tanto dentro do país quanto internacionalmente.
Um Histórico de Violência Política
O curioso histórico americano de eliminar presidentes começou com Abraham Lincoln, que foi assassinado por um ator de teatro, um defensor do sistema escravista que Lincoln lutou para derrubar. A história se repetiu com James Garfield, que foi morto por um indivíduo com problemas mentais, e William McKinley, que foi fuzilado por um militante anarquista. O quarto presidente assassinado, John F. Kennedy, faleceu em circunstâncias até hoje envoltas em mistério. Pouco tempo depois, seu irmão, Robert Kennedy, também seria vítima de assassinato durante sua campanha presidencial.
Um dos episódios mais intrigantes desse cenário foi o atentado contra Ronald Reagan, onde o atacante era um fã da atriz Jodie Foster. O amor do jovem pela estrela foi tão intenso que ele decidiu disparar contra Reagan, que, por coincidência, também era um ex-ator de Hollywood. Vale lembrar que, nas últimas eleições, Trump também enfrentou um perigoso incidente, levando um tiro na orelha durante um comício. Essa escalada de violência política levanta questões sobre a segurança e a integridade do processo democrático nos Estados Unidos.
A Ideologia em Debate
No entanto, a situação atual transcende os assassinatos físicos. O que está em jogo agora é uma tentativa de Trump de realizar uma execução ideológica de George Washington. Ao ignorar os princípios democráticos fundamentais como pátria, república, constituição, liberdade e igualdade, ele parece querer sepultar o legado deixado por Washington e outros líderes. Trump, que muitos observadores identificam como um líder com traços narcisistas e uma abordagem libertária extrema, parece estar mais interessado em lucros imediatos do que na preservação da história americana.
Enquanto isso, a direita europeia, representada por figuras como Marine Le Pen, tenta se distanciar desse cenário caótico, afirmando que não compartilham das mesmas ideias que Trump ou de seus aliados na América Latina, como Bolsonaro e Milei. Essa situação se torna um enredo que poderia muito bem fazer parte de uma comédia de costumes, como L’armata Brancaleone, destacando a complexidade e os desafios das políticas contemporâneas.
Por fim, a reflexão sobre o legado democrático nos Estados Unidos é mais relevante do que nunca. Será que a democracia americana consegue se recuperar diante das ameaças atuais, ou estamos prestes a ver o desmantelamento de um legado construído ao longo de séculos? Essa é uma questão que muitos cidadãos e estudiosos estão se perguntando neste momento crítico.