Trump em Foco: Críticas à Gestão Brasileira
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a direcionar críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante uma entrevista realizada na Casa Branca na última sexta-feira, 5 de setembro. Segundo Trump, a administração brasileira “mudou radicalmente” e se transformou em uma “esquerda radical”, um movimento que, de acordo com ele, está causando prejuízos ao Brasil.
“Estamos bastante desapontados com o Brasil. Nós os tarifamos muito alto devido ao fato de que eles estão adotando políticas infelizes. Admiro o povo brasileiro; temos um excelente relacionamento com a população, mas o governo mudou radicalmente para a esquerda, e isso está impactando negativamente o país. Eles estão enfrentando muitas dificuldades”, declarou Trump.
Este não é o primeiro ataque do presidente americano ao Brasil. Há três semanas, ele já havia classificado o país como “um parceiro comercial horrível” e reivindicado tarifas elevadas sobre produtos norte-americanos exportados para o Brasil.
Restrições de Vistos e Reações Diplomáticas
As observações de Trump surgem em um contexto de incerteza sobre possíveis restrições de vistos a delegações estrangeiras durante a Assembleia Geral da ONU, que ocorrerá em Nova York. O Departamento de Estado dos EUA está considerando a imposição de limitações a diplomatas de países como Brasil, Irã, Sudão e Zimbábue, como uma forma de retaliação política frente às posturas de seus governos. Embora a revogação de vistos não esteja totalmente descartada, a medida mais provável é restringir os deslocamentos das delegações fora de Nova York e proibir encontros bilaterais com autoridades norte-americanas.
Tarifas Aumentadas e Impactos Econômicos
No final de julho, Trump assinou uma ordem executiva que aumentou as tarifas sobre produtos brasileiros exportados para os EUA em até 50%. Essa sobretaxa, que entrou em vigor em 6 de agosto, resultou da soma de uma taxa de 10%, anunciada anteriormente em abril, com um adicional de 40%.
De maneira notável, cerca de 700 itens, incluindo suco de laranja, petróleo, aeronaves, castanhas e minério de ferro, foram isentos dessa nova carga tarifária e continuam sujeitos apenas à alíquota inicial. Para o governo americano, o objetivo é proteger a indústria interna; no entanto, essa decisão foi interpretada no Brasil como um golpe significativo em setores estratégicos da economia e como um agravante nas relações diplomáticas entre os dois países.
Lula Responde às Críticas e Busca Diálogo
Em 28 de agosto, durante uma reunião ministerial, Lula criticou a postura do governo Trump, que dificultaria as tentativas de diálogo. O presidente brasileiro mencionou que diversas tentativas de conversa, envolvendo o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, não tiveram sucesso devido à falta de abertura dos EUA.
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“Até agora, não conseguimos estabelecer contato com ninguém nos Estados Unidos. Nem Mauro, nem Alckmin, nem Haddad conseguiram se reunir com as autoridades americanas. O secretário do Tesouro cancelou uma reunião com Haddad para se encontrar com Eduardo Bolsonaro”, lamentou Lula.
O ex-presidente caracterizou a atitude da Casa Branca como uma “falta de seriedade” e afirmou que não irá “mendigar” uma audiência com Trump. “Um homem com dignidade não se rebaixa diante de outro. Quando Trump estiver pronto, estarei à disposição para conversar. Contudo, até agora, nem sequer uma carta foi enviada a mim”, enfatizou em entrevista à TV Record de Minas Gerais.
Apesar de sua frustração, Lula manteve uma postura conciliatória, afirmando que está aberto a negociações. “Quando eles decidirem dialogar, o ‘Lulinha paz e amor’ estará de volta. Não temo errar!”, concluiu.