A relação entre os Estados Unidos e o Brasil sob a ótica de Donald Trump
No mesmo dia em que Donald Trump, que almeja o Prêmio Nobel da Paz, anunciou a mudança do nome do Departamento de Defesa dos Estados Unidos para Departamento da Guerra, ele voltou a criticar o governo de Lula, o que, indiretamente, atinge o Brasil. Ao ser questionado na Casa Branca sobre possíveis restrições de vistos para delegações estrangeiras durante a Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, programada para o fim deste mês, Trump expressou sua insatisfação: “Estamos muito chateados com o Brasil. Nós os tarifamos muito alto devido a algo muito infeliz que eles estão fazendo. Eu adoro o povo do Brasil e temos um excelente relacionamento com eles, mas o governo mudou radicalmente para a esquerda, e isso está prejudicando o país. As coisas não estão indo bem para eles”.
Ao desmembrar as palavras de Trump, fica claro que a alta tarifa imposta ao Brasil é justificada por sua percepção do governo como “radicalmente de esquerda”. Contudo, vale lembrar que, sob Bolsonaro, o país enfrentou sérios desafios. Portanto, Trump não deveria se intrometer nas questões brasileiras e, talvez, devesse focar nas dificuldades que seu próprio país enfrenta atualmente.
A aplicação de uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos revela as intenções políticas de Trump, que, ao contrário da Índia, onde ele se mostrou desapontado por perder influência econômica para a China, foca no Brasil com um olhar mais crítico. A política é o centro da questão, já que Lula, ao ser um representante da esquerda, não atende às expectativas ideológicas de Trump. O ex-presidente dos EUA ambiciona um governo que se alinhe com suas ideias. Portanto, o tarifaço não é apenas uma questão econômica, mas uma tentativa de desestabilizar o governo de Lula e impedir sua reeleição.
O que está em jogo vai além de uma simples disputa econômica; é, na verdade, uma luta por influência política na América Latina. As sanções que Trump impôs a sete dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal brasileiro e a tentativa de vincular o tarifaço à suspensão do julgamento de Bolsonaro refletem a intenção de promover um governo de direita no Brasil nas próximas eleições de 2026. Para Trump, Bolsonaro é uma carta que foi jogada fora; agora, se o ideal seria Eduardo Bolsonaro ou, na falta deste, Tarcísio de Freitas, é uma questão que ele está disposto a explorar.
Tarcísio, que se apresenta como uma versão atualizada de Bolsonaro, pode ser visto como uma alternativa viável para Trump. Em situações de negócios ou protocolos, Tarcísio tem mostrado mais habilidade e disposição para ouvir propostas, ao contrário de Bolsonaro, que frequentemente se viu em conflito em mesas de negociações. Ele parece estar mais preparado para conduzir o Brasil em um caminho que agrade a Trump, sem a necessidade de um Paulo Guedes para orientá-lo nas questões econômicas.
Contudo, a verdade é que Trump e sua administração não podem aceitar de maneira nenhuma uma nova era Lula ou alguém que esteja alinhado a ele. O recado, portanto, está claro: se não for para o lado que ele deseja, há um grande risco de novas represálias econômicas e políticas. Estão todos cientes das implicações.
Entendido, certo? Na visão de Trump, o futuro do Brasil nas eleições de 2026 depende de um movimento que retorne o país à direita, o que significa que os próximos passos devem ser bem calculados. O jogo político está apenas começando.