Trump e o Caos: Uma Tática Elaborada
Para Donald Trump, o Brasil e Jair Bolsonaro têm pouca relevância. No entanto, ambos desempenham um papel crucial nas manobras de distração do ex-presidente dos Estados Unidos. Sua estratégia é clara: redirecionar as atenções através de controvérsias, criando um clima de insegurança e medo, enquanto desvia o foco de suas próprias falhas administrativas. Essa técnica de provocar o caos serve para encobrir erros de gestão e incompetências em sua administração.
Recentemente, Trump ameaçou o Brasil com tarifas de até 50%. Esta abordagem, diferente da que adotou com outras nações, envolveu chantagens políticas e novas polêmicas, exigindo uma rendição de posições. Dias depois, anunciou um novo pacote tarifário de 35% para o Canadá, México e União Europeia. Esses atos de provocação visam, em última instância, afastar os holofotes da sua gestão, que enfrenta sérios desafios.
A Queda de Popularidade de Trump e a Rejeição à Imigração
No cenário interno dos Estados Unidos, a popularidade de Trump está em declínio acentuado. Uma pesquisa do New York Times revela uma queda de 52% para 44% em sua aprovação em apenas cinco meses. A política polêmica de banir imigrantes a qualquer custo, seu principal projeto, começa a ser amplamente rejeitada. De acordo com o Instituto Gallup, 79% dos americanos agora veem a imigração como uma contribuição positiva ao país, o índice mais alto em 25 anos de pesquisa.
Se no final do governo de Joe Biden, 55% dos americanos queriam uma redução na imigração, esse número caiu para 30%. Entre os republicanos, a mudança é ainda mais drástica: em 2024, 88% desejavam menos imigrantes; agora, esse percentual caiu para 48%. Além disso, 78% da população acredita que imigrantes indocumentados deveriam ter a chance de se tornar cidadãos, cifra que sobe para 90% quando se trata de crianças nascidas nos EUA.
Os Efeitos Econômicos das Medidas de Trump
Até o momento, as manobras tarifárias de Trump não resultaram em um aumento imediato da inflação, que continua sob rigoroso controle pelo Federal Reserve. Entretanto, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos apresentou uma queda de 0,5% no primeiro trimestre de 2025, de acordo com o Bureau of Economic Analysis (BEA), uma diminuição significativa em relação ao último trimestre de 2024.
Politicamente, Trump mantém uma maioria apertada no parlamento, o que lhe permite aprovar suas políticas orçamentárias e ignorar ilegalidades, como a imposição de tarifas. No entanto, a preocupação entre os republicanos aumenta à medida que se aproximam as eleições de meio de legislatura em 2026, dado o temor dos efeitos eleitorais decorrentes de suas políticas de deportação em massa e tarifas que impactam as economias locais.
Os Efeitos das Ameaças Tarifárias no Brasil
Ao olhar para o Brasil, as ameaças tarifárias de Trump podem ter consequências sérias se concretizadas, embora haja incertezas sobre a consistência de suas promessas. O impacto imediato parece recair sobre Bolsonaro, que enfrenta críticas tanto de aliados quanto de adversários.
A situação é um verdadeiro embate entre a estratégia de Trump e a resposta política brasileira. Ao mesmo tempo em que Trump exige que a justiça brasileira libere Bolsonaro, ele elogia o ex-presidente enquanto impõe tarifas de 50%. Inicialmente, Bolsonaro tentou atribuir a culpa ao presidente Lula, estratégia que foi rechaçada pela própria família Bolsonaro, que acredita que somente uma ampla anistia poderia resolver a situação.
Lula: Oportunidades e Desafios
Para Lula, esse episódio representa uma oportunidade para afirmar a soberania nacional e unir a população em torno de uma causa relevante. No entanto, é crucial que o presidente mantenha a prudência e o equilíbrio. Comentários desnecessários ou provocativos, como os disparados contra o deputado Eduardo Bolsonaro durante um evento, podem comprometer a imagem de seu governo e os frutos de sua estratégia política.
Se Lula quiser realmente colher os benefícios da situação provocada por Trump, deve agir com cautela. Um equilíbrio entre firmeza e diplomacia é fundamental para preservar tanto sua popularidade quanto os interesses do país.