Investigações em Foco
Durante as audiências das testemunhas do núcleo 3 da suposta trama golpista, realizadas no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (22/7), o delegado da Polícia Federal, Fabio Shor, frisou que as investigações em torno do caso permanecem ativas. O inquérito que visa identificar os responsáveis pela execução do plano golpista está em andamento, mesmo com o processo já em análise pela Corte. Em resposta às indagações da defesa de Wladimir Mato Soares, um policial federal que, em declarações anteriores, insinuou que estaria disposto a eliminar “meio mundo” por conta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Shor elucidou que as informações pertinentes estão contidas nos autos da investigação.
“A investigação está toda documentada nos autos. O que já foi identificado está lá. Contudo, ainda estamos à procura de outros indivíduos que possam ter atuado diretamente na execução do plano”, destacou o delegado. O réu Wladimir, que se encontra sob suspeita de vazar detalhes sobre a segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi interceptado em gravações onde passava informações a servidores ligados a Bolsonaro. Em um dos áudios, ele menciona um suposto grupo armado que teria a intenção de prender ministros do STF, afirmando ter disposição para uso de força letal.
O depoimento de Shor representa o segundo dia de comparecimento às audiências no STF nesta semana, onde ele reiterou a existência de um monitoramento sobre diversas autoridades, incluindo o presidente Lula, o vice Alckmin e o ministro Alexandre Moraes. “Como expusemos em nosso relatório final, havia uma equipe operativa preparada para agir contra o ministro Moraes, além de atividades de monitoramento relacionadas ao então candidato eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, em novembro de 2022”, completou.
Detalhes da Investigação
No dia anterior, durante seu depoimento como testemunha nas defesas de Filipe Martins e Marcelo Câmara, Shor confirmou informações que levaram ao indiciamento dos envolvidos na suposta conspiração golpista, revelando o que a corporação descreve como uma rede de atentado ao Estado Democrático de Direito. O delegado detalhou, ainda, que o indiciamento dos acusados não se baseia apenas nas delações do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Quando questionado pelo advogado de Marcelo Câmara, Eduardo Kuntz, sobre o monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, Shor confirmou que as investigações indicam que Câmara fazia parte de uma rede de inteligência paralela. “A Polícia Federal acredita que existia uma divisão de tarefas, e ele era responsável por coletar e repassar informações sobre os deslocamentos do ministro Moraes”, afirmou Shor.
Quem São os Réus do Núcleo 3?
Os réus do núcleo 3 da trama golpista incluem:
- Bernardo Romão Correa Netto – coronel do Exército;
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira – general da reserva do Exército;
- Fabrício Moreira de Bastos – coronel do Exército;
- Hélio Ferreira Lima – tenente-coronel do Exército;
- Márcio Nunes de Resende Júnior – coronel do Exército;
- Rafael Martins de Oliveira – tenente-coronel do Exército;
- Rodrigo Bezerra de Azevedo – tenente-coronel do Exército;
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior – tenente-coronel do Exército;
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros – tenente-coronel;
- Wladimir Matos Soares – policial federal.
Segundo informações da Procuradoria Geral da República (PGR), os réus do núcleo 3 estão envolvidos em uma organização criminosa que visava manter Bolsonaro no poder. De acordo com a acusação, no dia 28 de novembro de 2022, após a vitória de Lula nas eleições, os réus se reuniram para redigir uma carta com conteúdo golpista destinada aos comandantes das Forças Armadas. Além disso, a PGR aponta que o grupo articulava ações que poderiam provocar um impacto social significativo, permitindo que Bolsonaro e seus aliados avançassem com o plano golpista. Entre as ações previstas, estavam o assassinato de autoridades, incluindo Lula, o ministro Alexandre de Moraes e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).