Iniciativas Culturais que Mudam Realidades
A cultura se apresenta como uma poderosa força transformadora no Brasil, especialmente por meio de projetos sociais que utilizam a arte, o cinema, a literatura e a mobilização social. Organizações do terceiro setor têm desempenhado um papel fundamental, não apenas na assistência social, mas também na educação e inclusão, reforçando a cidadania e promovendo o desenvolvimento comunitário. Em 2025, diversas ações destacadas pelo Observatório do Terceiro Setor evidenciam o impacto da cultura na vida de crianças, jovens e adultos em situações de vulnerabilidade.
Num panorama onde a cultura se torna um pilar essencial na atuação de ONGs, coletivos e movimentos sociais, surgem iniciativas que criam espaços de expressão e pertencimento em diferentes regiões do Brasil. Vamos explorar algumas dessas ações que têm feito a diferença nas comunidades brasileiras.
Projetos que Transformam Vidas
Uma das iniciativas notáveis foi o projeto Impulso Lírico, que, em janeiro, promoveu atividades na Fundação Casa em Mongaguá, na Baixada Santista. Este projeto combina arte e cultura urbana para ajudar jovens em situação de vulnerabilidade a desenvolver autoestima, criatividade e habilidades socioemocionais. Os resultados mostraram que a arte pode ser um caminho viável para a regeneração social.
Em abril, a Prosas lançou um painel que facilita o acesso a dados da Lei Rouanet, uma importante ferramenta de fomento cultural no Brasil. Chancelada pelo Ministério da Cultura, essa iniciativa visa democratizar o acesso a informações sobre repasses da lei, beneficiando produtores culturais, pesquisadores e jornalistas interessados em compreender melhor o funcionamento desse incentivo.
No mês de junho, o projeto “Cine na Viela”, da ONG Favela pra Frente, trouxe cinema gratuito para crianças da periferia de Guarulhos, proporcionando a experiência de uma sala de cinema ao ar livre. Com projetor e sistema de som, o evento não apenas exibiu um filme infantil, mas também ofereceu pipoca e outros lanches, criando um espaço de lazer e integração para a comunidade.
Literatura e Inclusão Social
O intercâmbio cultural promovido pelo Instituto Brasil Solidário foi outra ação relevante, que doou 200 livros de autores brasileiros traduzidos para o espanhol ao Panamá. Essa iniciativa, que contou com a participação do escritor e ilustrador infantil André Neves, visa fortalecer a presença da literatura brasileira em outros países latino-americanos.
Além disso, a Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa de São Paulo lançou a 10ª edição do Edital Programa Municipal de Fomento à Cultura da Periferia, com o intuito de apoiar financeiramente projetos culturais em áreas com altos índices de vulnerabilidade social. As inscrições para essa iniciativa foram recebidas até setembro, ressaltando a importância de investimento em cultura em comunidades carentes.
Música e Justiça Social
A música também se destacou como uma ferramenta de inclusão com o apoio da Fundación MAPFRE ao projeto “Notas & Sonetos”, do Instituto Olga Kos. Este projeto visa promover o desenvolvimento e a expressão artística por meio da música, beneficiando participantes de diversas idades, com e sem deficiência, em situação de vulnerabilidade social.
Outra iniciativa importante foi a ocupação da Matilha Cultural, em São Paulo, que entre setembro e novembro, ofereceu cursos e oficinas gratuitas sobre direitos, arte e justiça climática. Com uma programação que integrou arte, política e ativismo, a proposta buscou estimular reflexões sobre questões sociais contemporâneas urgentes.
A Inclusão Digital e a Moda Afroperiférica
Em outubro, o Grupo +Unidos lançou o documentário “Rede Amazônia +Conectada”, que retrata o impacto da inclusão digital em comunidades da Amazônia. Histórias de estudantes e empreendedores que tiveram suas vidas transformadas pelo acesso à internet demonstraram como a conectividade pode abrir novas possibilidades.
Finalmente, a Zwanga Fashion Week 2025, realizada de 2 a 6 de dezembro, inovou ao levar a moda afroperiférica para quilombos e comunidades ribeirinhas, reafirmando a importância do território na construção de narrativas de resistência e criatividade.
Essas iniciativas sublinham que, quando o terceiro setor assume a função de agente cultural, ele não apenas preenche lacunas sociais, mas também promove a inclusão, o aprendizado e a construção de uma sociedade mais justa e plural. O investimento em cultura e arte é, sem dúvida, um caminho para a transformação social.

