Na terça-feira, as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) para os contratos a partir de 2026 sofreram uma leve queda, embora esse movimento tenha sido mais contido entre os contratos de vencimento mais longos. Os investidores continuam ansiosos em relação ao aguardado pacote de medidas fiscais apresentado pelo governo lula, em um dia marcado por uma aversão ao risco no cenário internacional, resultante da intensificação do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Na parte curta da curva de janeiro, as taxas se mantiveram em uma leve alta, refletindo a expectativa do mercado sobre um aumento da taxa selic em 75 pontos-base em dezembro, atualmente fixada em 11,25% ao ano. Durante a tarde, a taxa do DI para janeiro de 2025, que serve como um termômetro das expectativas para a selic a curto prazo, foi registrada em 11,456%, um leve aumento em relação ao ajuste anterior de 11,443%. Para janeiro de 2026, a taxa foi marcada em 13,22%, abaixo do ajuste anterior que era de 13,316%.
Os contratos de DIs com vencimento em janeiro de 2031 e janeiro de 2033 mostraram números semelhantes, com as taxas ajustadas em 13,06% e 12,94%, respectivamente, comparadas a 13,104% e 12,972% dos ajustes anteriores. Esses movimentos no mercado demonstram uma sensação cautelosa em relação ao futuro econômico, especialmente no que diz respeito à política monetária.
No cenário internacional, o ataque da Ucrânia a regiões da Rússia com mísseis norte-americanos provocou uma escalada significativa nas tensões na Europa Oriental. Em resposta, a Rússia sinalizou um alerta aos Estados Unidos, alterando sua estratégia em caso de um ataque nuclear, poucos dias após o governo Biden permitir que a Ucrânia utilizasse mísseis americanos em seu território. Essa nova doutrina da Rússia é programada para descrever as circunstâncias que poderiam levar à ativação de seu arsenal nuclear, colocando o mundo em alerta.
Como resultado desses desenvolvimentos, os investidores buscaram segurança em ativos refugio, como títulos da dívida dos EUA e o dólar, levando a uma redução nos rendimentos dos Treasuries e a uma valorização da moeda norte-americana em relação a várias moedas, incluindo o real brasileiro. No entanto, no brasil, essa aversão ao risco não se traduziu em uma reabertura da curva dos DIs, o que era esperado por muitos analistas.
“Observamos um movimento um pouco mais positivo no brasil. O boato de que a apresentação do pacote fiscal pode atrasar, na verdade, não prejudicou a confiança dos investidores”, destacou um analista de mercado, salientando a queda nas taxas dos DIs para os contratos de janeiro de 2026 e 2027 e a leve alta observada no ibovespa ao longo da tarde.
Apesar da queda nas taxas em diversos pontos da curva, os DIs ainda reflete a expectativa em torno do pacote fiscal anunciado pelo governo, que, segundo alguns especialistas, tem mais chances de ser apresentado após o G20 no Rio de janeiro, que se encerrará nesta terça-feira, seguido pelo feriado do Dia da Consciência Negra na quarta-feira.
Na manhã do mesmo dia, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou a necessidade de um choque fiscal positivo para garantir a diminuição dos prêmios de risco dos ativos brasileiros. Esses prêmios estão elevados devido à incerteza em relação à capacidade do governo em equilibrar as contas públicas.
Sem atualizações substanciais na área fiscal, os números se mostraram promissores perto do fechamento, com o mercado precificando 70% de probabilidade de uma elevação de 75 pontos-base da selic no próximo mês, em comparação a 30% para um aumento de 50 pontos-base. Esses números indicam um ligeiro aumento em relação aos percentuais do dia anterior, que eram de 64% e 36%, respectivamente.
Às 16h37, o rendimento do Treasury de dez anos, um importante parâmetro global para decisões de investimento, registrava queda de 3 pontos-base, situando-se em 4,382%. Essa movimentação denota um cenário volátil, onde fatores internos e externos se entrelaçam, influenciando as expectativas dos investidores e a dinâmica das taxas de juros no brasil e no mundo.