Reações ao Tarifaço
Após semanas de expectativa em torno da implementação da tarifa de 50% sobre exportações brasileiras pelos Estados Unidos, a situação ganhou novos contornos na última quarta-feira (30). O presidente Donald Trump assinou uma Ordem Executiva que determina que a taxação entrará em vigor no dia 6 de agosto, mas não sem polêmica: uma lista de quase 700 exceções foi divulgada.
Entre os setores que escaparam do chamado tarifaço, a sensação predominante foi de alívio. O suco de laranja, por exemplo, conseguiu evitar um golpe significativo. Ibiapaba Netto, diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), comentou que a medida garante a proteção de um mercado que poderia perder até R$ 3,6 bilhões em exportações. “A relação entre os dois países é de interdependência. Essa concessão do governo americano visa proteger suas empresas locais que dependem do nosso produto. Embora não tenha sido um benefício direto ao Brasil, aceitamos a carona com alívio”, destacou Netto.
Preocupação no Setor do Pescado
Por outro lado, o setor de pescado exibe uma preocupação crescente. Cerca de 90% das exportações brasileiras de tilápia são direcionadas aos EUA, e a inclusão desse produto na taxação ainda é uma incerteza. “Os pescados, especialmente a tilápia, não foram isentos da tarifa de 50%. A nova taxação entrará em vigor no dia 6 de agosto, e continuaremos enviando filé fresco de tilápia enquanto mantemos diálogos com parceiros americanos em busca de sua inclusão na lista de exceções”, informou a Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe Br). A entidade enfatizou a urgência de um diálogo direto entre os presidentes Lula e Trump, uma vez que os Estados Unidos são o maior importador do mundo desse produto, e a China, principal fornecedora de filé congelado, afeta diretamente a dinâmica do mercado.
Esperanças Entre os Produtores de Frutas
Por sua vez, a Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) mantém uma posição de esperança e cautela. O país governado por Trump é um dos maiores compradores das frutas brasileiras, como a manga. A associação está atenta às negociações entre Brasil e EUA e aguarda uma solução que mantenha o mercado americano acessível para suas frutas. “Continuaremos acompanhando as discussões entre os governos e buscando alternativas que minimizem qualquer impacto negativo”, afirmou a Abrafrutas.
Dúvidas Persistem no Setor Madeireiro
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O extenso documento que define as novas tarifas e suas exceções deixou, no entanto, muitas dúvidas. A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) observou que o impacto da tarifa poderá ser significativo, levando algumas empresas a decretar férias coletivas e até realizar demissões. “Conforme nossa análise inicial, a maioria dos produtos do setor não foi isenta da tarifa. Portanto, esperamos que uma tarifa adicional de 40% incida sobre as alíquotas já existentes de 10%”, disse a Abimci.
A associação também está em busca de mais informações das autoridades americanas sobre as isenções no setor madeireiro. “Essas interpretações são preliminares, pois aguardamos a publicação de um guia de implementação pela Customs and Border Protection (CBP), que deve trazer esclarecimentos sobre os procedimentos tributários”, concluiu.