Radicalização do Discurso em Ato Político
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), causou surpresa entre os integrantes da classe política e do Judiciário ao adotar um tom mais radical durante um ato de apoio a Bolsonaro na Avenida Paulista, realizado no último domingo (7/9). Em uma das suas intervenções, ele fez críticas contundentes ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes, um dos principais alvos do bolsonarismo.
Ao lado do pastor Silas Malafaia, que organizou a manifestação defendendo uma reação sem temor ao cerco judicial sobre os bolsonaristas, Tarcísio utilizou adjetivos como “tirano” e “ditador”, expressões frequentemente associadas ao discurso de Malafaia. Essa mudança de tom é vista como uma resposta às pressões de aliados que buscam sua ascensão ao legado político de Bolsonaro, que atualmente se encontra em prisão domiciliar e inelegível.
Ao afirmar que “só existe um candidato para nós”, referindo-se claramente a Bolsonaro, Tarcísio também deixou claro que sua defesa por uma “anistia ampla e irrestrita” e suas críticas ao STF são parte de uma estratégia para se consolidar como o legado político do ex-presidente. “Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. É inaceitável a ditadura de um Poder sobre o outro”, enfatizou Tarcísio, diante de um público estimado em mais de 40 mil manifestantes na Paulista.
Reconhecimento e Alianças Políticas
A mudança na postura de Tarcísio não passou despercebida, especialmente após Malafaia chamá-lo de “leão” em defesa da anistia. O pastor também fez uma observação sutil, mas significativa, ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que se encontra em autoexílio nos Estados Unidos.
Durante seu discurso, Malafaia deixou claro que, mesmo com a inelegibilidade de Bolsonaro até 2030, ninguém deveria se apressar em se candidatar em seu lugar. Eduardo afirmou em entrevista que tem aspirações de ser o candidato da direita, mas Malafaia não incluiu o filho do ex-presidente entre os interlocutores encarregados de transmitir mensagens de Bolsonaro. Na lista, ele citou apenas a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e dois outros filhos, Flávio e Carlos Bolsonaro.
Preferido do Centrão e do Mercado Financeiro
Tarcísio tem ganhado destaque como o candidato preferido entre líderes do mercado financeiro e do Centrão para as eleições presidenciais de 2026, onde poderá enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em recentes pesquisas, o governador tem mostrado desempenho promissor, chegando a estar tecnicamente empatado com Lula nas simulações de primeiro turno.
Fontes indicam que Tarcísio deve concorrer pelo PL, ao invés de pelo Republicanos, seu partido atual, angariando o apoio de grandes legendas como União Brasil e Progressistas (PP), que recentemente anunciaram sua saída do governo Lula. Ciro Nogueira (PP) e Michelle Bolsonaro são considerados potenciais candidatos a vice numa chapa liderada pelo governador.
Além disso, especula-se que essa articulação política acabe sendo intensificada em função da provável condenação de Bolsonaro no STF. O julgamento do ex-presidente e outros réus por tentativa de golpe de Estado está marcado para ser retomado nesta terça-feira (9/9) e deve ser finalizado até o final da semana com as sentenças.
Essa estratégia de Tarcísio já o colocou na mira de críticas contundentes da esquerda. Durante o ato, aliados de Lula não hesitaram em chamá-lo de “canalha”, “golpista” e “vagabundo”, em resposta às discussões sobre a anistia e a defesa da soberania nacional.