Reunião Estratégica em Brasília
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tornou-se o alvo prioritário de críticas dos petistas após o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil. Na quinta-feira (10), Tarcísio ajustou seu discurso sobre o tema e seguiu para Brasília, onde se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Após conceder uma entrevista pela manhã para alinhar sua postura sobre o tarifaço, Tarcísio desembarcou na capital federal no início da tarde. O encontro, que ocorreu em uma churrascaria nos arredores de Brasília, foi a única atividade oficial do governador na cidade, interrompendo o período de descanso de Bolsonaro, que havia anunciado uma pausa nas atividades políticas durante todo o mês de julho para recuperação.
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Pressão Política em Cima de Tarcísio e Bolsonaro
Esse encontro entre Tarcísio e Bolsonaro ocorreu em um contexto de intensa pressão política. Horas antes, membros do Partido dos Trabalhadores (PT) haviam iniciado uma operação para responsabilizar Tarcísio e Bolsonaro pela tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, uma medida anunciada por Trump. Na carta endereçada a Lula, o presidente americano citou os processos contra Bolsonaro e decisões do ministro do STF, Alexandre de Moraes, como razões para a aplicação do tarifaço contra o Brasil.
Desde a divulgação dessa tarifa, integrantes do governo Lula e lideranças petistas intensificaram os ataques contra Bolsonaro e Tarcísio. O governador, por sua vez, tornou-se o foco de críticas em editoriais de jornais como a Folha de S. Paulo e o Estado de S. Paulo, que questionam sua postura em relação ao tarifaço.
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Reações no Congresso e na Imprensa
Ministros de destaque do governo Lula, como Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil), não hesitaram em aumentar o tom das críticas ao governador paulista. Gleisi chegou a rotular Tarcísio como um “traidor”, associando-o diretamente aos problemas econômicos enfrentados após o tarifaço. No Congresso, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), relembrou que Tarcísio já posou com um boné em apoio a Trump e criticou sua falta de defesa das empresas paulistas diante do tarifaço.
“Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado”, afirmou Farias. Ele completou: “Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de…”
Uma Mudança de Discurso Necessária
Os ataques constantes levaram Tarcísio a recalibrar sua abordagem. Na quarta-feira, ele utilizou suas redes sociais com uma retórica alinhada ao bolsonarismo, atribuindo a culpa pelo tarifaço a Lula. Contudo, no dia seguinte, o governador adotou um tom diferente, sugerindo que seria necessário “deixar de lado questões ideológicas” e “sentar à mesa” para buscar soluções. Essa mudança reflete a pressão crescente que enfrenta e a necessidade de mitigar as críticas enquanto navega em um ambiente político conturbado.