Encontro entre Tarcísio e Bolsonaro
Na tarde desta sexta-feira (11), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), teve um importante encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Brasília. A reunião aconteceu logo após Tarcísio se reunir com Gabriel Escobar, encarregado de negócios dos Estados Unidos no Brasil, onde solicitou uma revisão da sobretaxa de 50% anunciada por Donald Trump.
De acordo com informações de fontes próximas aos dois políticos, a temática central da conversa foi a busca por estratégias que possam reverter o tarifaço imposto pelo presidente americano. Trump, em sua carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deixou claro que, caso o Brasil reaja com tarifas retaliatórias, o percentual de 50% será mantido, podendo até ser aumentado.
A correspondência de Trump também menciona o julgamento de Bolsonaro por suposta tentativa de golpe, classificado pelo americano como uma “vergonha internacional” e “caça às bruxas”. O atual governo brasileiro, por sua vez, tem atribuído a Bolsonaro e seus aliados a responsabilidade pelo aumento das tarifas, que seriam uma sanção política visando as eleições de 2026. Como relatado pela CNN, Tarcísio conversou com o diplomata americano sobre o impacto que essa alíquota terá sobre o setor industrial e o agronegócio de São Paulo.
É importante destacar que São Paulo é o estado brasileiro que mais exporta para os EUA, seguido pelo Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em suas redes sociais, Tarcísio confirmou o encontro com o representante dos Estados Unidos, uma reunião que já havia sido antecipada pelos meios de comunicação.
O governador ressaltou a necessidade de diálogo com as empresas paulistas, utilizando dados e argumentos sólidos para buscar soluções efetivas. “Precisamos negociar. Narrativas não resolverão o problema. A responsabilidade é de quem governa”, afirmou Tarcísio.
Tarcísio apela por Maturidade Política
No dia seguinte ao anúncio da sobretaxa, Tarcísio se manifestou e ressaltou que a situação demanda uma reflexão profunda. Para ele, cabe ao governo federal lidar com a questão com “maturidade política”. “Parece que o governo Lula não entendeu ainda que ideologia e aritmética não se misturam. Resolver os problemas das pessoas, das nossas empresas, dos nossos exportadores é mais importante do que o revanchismo, a bravata e a construção de narrativas”, declarou.
Essas declarações geraram uma resposta negativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, em uma entrevista, criticou a postura de Tarcísio. Lula afirmou que o governador não conseguirá esconder sua afinidade com Trump, insinuando que ele deveria ser mais transparente em relação a isso: “O seu Tarcísio não vai tentar esconder o chapéuzinho do Trump, não. Pode ficar mostrando para a gente saber quem você é. Está cheio de lobo em pele de cordeiro por aí”, ironizou.
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Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), também teceu críticas à atitude do governador, chamando-a de “vassalagem”. Segundo Haddad, a declaração de Tarcísio pode ser considerada um “tiro no pé”, já que a taxa prejudicará a produção em São Paulo, especialmente em setores como o da aviação.
Por sua vez, o governador respondeu que o ministro deve “falar menos e trabalhar mais” e enfatizou a importância de ações concretas. Logo após o anúncio do tarifaço, Bolsonaro expressou gratidão pela carta de Trump, criticou a atuação do governo Lula na esfera internacional e pediu a restauração da “normalidade institucional”. “Peço aos Poderes que ajam com urgência apresentando medidas para resgatar a normalidade institucional”, finalizou.