A Fundação Jardim Zoológico de Brasília deu boas-vindas a um novo residente, uma tamanduá fêmea, resgatada na Floresta Nacional de Brasília (Flona), no fim da tarde desta segunda-feira (23/09). Este animal, que agora faz parte do zoológico, foi encontrado em uma situação angustiante por brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (icmbio). A tamanduá apresentava queimaduras em todas as suas patas, resultado dos recentes incêndios florestais que devastaram a região.
Após o resgate, a tamanduá foi levada para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), onde recebeu os primeiros cuidados. Posteriormente, o animal foi transferido para o zoológico, onde sua recuperação continua a ser monitorada. De acordo com as informações do órgão responsável, a tamanduá está sob cuidados médicos, já com curativos e se mostrando ativa e alerta. A expectativa é que ela seja alimentada ainda na terça-feira (24/09), dando um passo importante em sua recuperação.
Além da tamanduá, a equipe de resgate se deparou com outros animais que também necessitam de cuidados intensivos. Neste momento, o Cetas e o Hospital Veterinário do Zoológico de Brasília estão atendendo uma série de espécies que sofreram devido aos incêndios. Isso inclui um filhote de cambacica resgatado na Floresta Nacional e uma anta jovem, um macho pesando cerca de 73 kg, que foi encontrado em uma área próxima a incêndios no parque nacional de Brasília. Este jovem animal também sofreu queimaduras nas patas, mas está se alimentando e bebendo água regularmente, apresentando um quadro clínico estável desde a última atualização em 20/09.
A situação é preocupante para muitos outros animais. Alguns papagaios resgatados estão aguardando a próxima etapa de reintrodução à natureza, enquanto um exemplo positivo é a cobra jararaca que, após tratamento, já foi solta novamente em seu habitat. Infelizmente, nem todos os animais conseguiram sobreviver; dois, uma rara espécie de rato silvestre em perigo de extinção, e um filhote de anta fêmea que foi atacada por um cachorro, não resistiram aos ferimentos e às condições adversas provocadas pelos incêndios.
Esses eventos trágicos foram exacerbados pelo impacto dos incêndios florestais que afetaram praticamente metade da Flona. Segundo dados do icmbio, cerca de 45,8% de uma área que abrange aproximadamente 5,6 mil hectares foi devastada pelas chamas. O incêndio, que foi declarado controlado em 04/09 às 21h, deixou sequelas profundas no ecossistema local e nas populações de animais silvestres que habitam a região.
Um esforço coletivo de diversas entidades, incluindo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e o icmbio, em colaboração com a Secretaria de Meio Ambiente (Sema-DF) e a Fundação Jardim Zoológico de Brasília, está em andamento para ajudar na reabilitação dos animais afetados. A Área de Proteção Ambiental do Planalto Central (APA) e o icmbio, juntamente com a Associação Amigos do parque nacional de Brasília (AFAM), têm trabalhado incansavelmente para fornecer cuidados e assistência, não só ao resgatar animais, mas também criando estratégias para garantir que recebam comida e água durante sua recuperação.
Neste momento, entidades envolvidas no resgate divulgam um apelo por doações de alimentos como milho, banana, laranja, além de ração específica. As doações podem ser entregues em diversos pontos, incluindo os acessos ao Parque da Água Mineral, na sede da APA do Planalto Central no parque nacional, e na Floresta Nacional de Brasília.
A lista de alimentos que podem ser doados inclui:
– Mamão
– Bananas
– Manga
– Melancia
– Laranja
– Abóbora
– Beterraba
– Cenoura
– Milho
– Alpiste
– Ração para gatos, cães, equinos e roedores
Através deste esforço conjunto, espera-se recuperar não apenas os animais resgatados mas, também, restabelecer o equilíbrio do ecossistema da Flona, severamente afetado pelos incêndios.