O setor agrícola pode ser uma solução viável para enfrentar vários desafios provocados pelas mudanças climáticas. Este foi o tema central do I Seminário Emater-DF no Clima, que ocorreu na última sexta-feira, dia 22, na Escola de Governo do distrito federal (Egov-DF). O evento contou com a presença de cerca de 70 participantes, incluindo técnicos, estudantes, agricultores e representantes de organizações da área. Durante as discussões, foram abordados assuntos cruciais como práticas agrícolas sustentáveis, a conservação dos recursos hídricos e a inserção de agricultores no mercado de créditos de carbono.
Organizado pelas engenheiras ambientais da Emater-DF, Iclea Silva e Anne Borges, o seminário integra as atividades do programa “Emater-DF no Clima”. “Nosso objetivo é demonstrar que é viável conciliar o desenvolvimento rural com o enfrentamento das mudanças climáticas. Os produtores desempenham um papel fundamental nessa estratégia, atuando como agentes de proteção e preservação do clima”, enfatizou Iclea.
O presidente da Emater-DF, Cleison Duval, também ressaltou a relevância da adaptação às novas legislações ambientais, como a nova legislação sobre crédito de carbono, que foi aprovada recentemente pelo Congresso Nacional. “Estamos apenas começando a explorar as vastas possibilidades desse mercado. Por isso, é essencial que nossos agricultores recebam orientação adequada para se posicionar de maneira eficaz. Este esforço envolve um trabalho colaborativo com diferentes órgãos, como o Brasília Ambiental, a Secretaria de Meio Ambiente (sema-DF) e a Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF), além da própria Emater”, declarou Cleison.
Além disso, Cleison destacou o grande potencial do distrito federal para se tornar um exemplo na implementação de práticas de conservação e recuperação ambiental. “Com iniciativas como o projeto Produtor de Águas e o recente acordo com o Instituto Espinhaço, que busca a recuperação de 10 mil hectares de áreas degradadas, estamos promovendo ações concretas que fortalecem a sustentabilidade no campo”, complementou.
O seminário evidenciou que o setor agrícola possui um papel estratégico na luta contra as mudanças climáticas, propondo caminhos para a adoção de práticas sustentáveis, incentivando uma maior integração entre os setores público e privado e explorando oportunidades de geração de receita através do mercado de carbono. “A solução para os desafios climáticos está no campo, e a Emater-DF está comprometida em contribuir para a construção desse futuro sustentável“, concluiu Cleison Duval.
A importância do tema foi ainda mais acentuada pela presença de especialistas e autoridades. Carolina Schubart, da sema, abordou os desafios enfrentados em 2023, que contou com 167 dias de estiagem no DF, um recorde que exigiu ações integradas para prevenir e combater incêndios florestais. “Estamos coordenando esforços para reduzir os impactos, mas é crucial estreitar os laços com as comunidades rurais”, afirmou Carolina.
Antônio Queiroz Barreto, da Seagri, destacou que o agricultor já desempenha um papel vital na conservação do meio ambiente: “O solo e a água representam os maiores patrimônios dos produtores. Se conseguirmos articular políticas públicas que recompensem práticas sustentáveis, como uso de matéria orgânica e recuperação de nascentes, seremos capazes de aumentar a renda e ao mesmo tempo proteger nossos recursos naturais”.
Por sua vez, Rôney Nemer, presidente do Brasília Ambiental, elogiou a iniciativa e alertou sobre os impactos crescentes das mudanças climáticas, exemplificando com as nuvens de fumaça que se deslocam de estados vizinhos. “Este é o momento de nos unirmos e assegurar que todos os setores sejam incluídos na pauta ambiental. O futuro que desejamos depende das ações que tomamos hoje”, enfatizou Rôney.
Dessa forma, o seminário não apenas destacou a conexão entre agricultura e sustentabilidade, mas também lançou luz sobre a responsabilidade coletiva de enfrentar os desafios climáticos, mostrando que a ação conjunta pode trazer benefícios significativos tanto para o meio ambiente quanto para a geração de renda no setor rural.