Uma Tradição que Se Renova
Há exatos 25 anos, um grupo de amigos idealizou um espaço dedicado à roda de samba nas segundas-feiras, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. Para gerenciar o horário das apresentações, um dos fundadores, com uma ideia inovadora, sugeriu que as músicas tocassem enquanto a chama de uma vela estivesse acesa. Quando a vela se apagasse, era o sinal para o término da festa. Assim nasceu, em julho de 2005, o Samba da Vela, um evento que atrai amantes do samba e que se tornou um ícone na Casa de Cultura de Santo Amaro.
A vela, símbolo do evento, continua a marcar o tempo dos encontros. Ao longo dos anos, o Samba da Vela já recebeu artistas renomados como Emicida, Leci Brandão e o famoso baixista da banda Red Hot Chili Peppers, Flea.
Destaque para a Nova Geração de Compositores
No entanto, o que realmente diferencia a roda de Santo Amaro é o seu compromisso em dar voz aos novos compositores. Durante os encontros, esses artistas têm a oportunidade de apresentar suas canções ao público, que as acolhe com entusiasmo, além de serem registradas no caderno de letras da comunidade. José Marilton da Cruz, conhecido como Chapinha, um dos fundadores do evento, destaca a importância de abrir espaço para as novas gerações no samba.
“Queremos contribuir para a continuidade da tradição do samba. E não há como fazer isso sem criar novas obras. Assim como na família, é preciso que as crianças nasçam; no samba, é a mesma coisa”, reflete Chapinha. E essa missão tem sido cumprida com êxito: desde o ano 2000, o Samba da Vela já registrou cerca de 1.500 obras de diversos músicos.
Reconhecimento e Raiz na Comunidade
O evento ganhou notoriedade tanto em São Paulo quanto fora dele, recebendo o apoio de grandes nomes, como Beth Carvalho. Houve até convites para levar o Samba da Vela para outras casas de shows. Contudo, Chapinha reafirma a importância de manter a roda de samba enraizada em Santo Amaro. “A Casa de Cultura me acolheu quando cheguei do Nordeste, e eu não poderia ser ingrato ao deixar o local apenas por uma proposta financeira melhor”, afirma.
Na formação original, dos quatro amigos, Chapinha é o único que continua à frente do projeto. Os outros, Paquera, que faleceu em 2014, e os irmãos Magnu Sousa e Maurílio de Oliveira, agora lideram outra roda chamada Quintal dos Prettos.
Um Futuro Promissor para o Samba da Vela
Aos 68 anos, Chapinha planeja transferir parte das responsabilidades do grupo. No entanto, sua visão para o futuro do Samba da Vela permanece inalterada: continuar promovendo novos compositores e seus sambas, sempre respeitando a tradição. “Nosso compromisso é com sambas inéditos, dentro da linhagem tradicional, e isso nunca mudará”, garante.
Na última segunda-feira, o evento comemorativo dos 25 anos reuniu uma multidão de visitantes, tanto antigos quanto novos. As festividades do aniversário vão se estender ao longo do ano, incluindo shows em novos locais e o lançamento de um DVD. Para aqueles que desejam se aprofundar no universo do Samba da Vela, a programação das apresentações está disponível na página do grupo no Instagram. As rodas acontecem sempre às segundas-feiras, às 20h30, na Casa de Cultura de Santo Amaro, localizada na Praça Doutor Francisco Ferreira Lopes. E, para encerrar a noite, os visitantes podem ainda saborear a sopa oferecida grátis pelo grupo.
Curiosidades sobre o Samba da Vela não faltam: sua história, a importância cultural e a energia vibrante que a roda de samba continua a transmitir são apenas algumas das razões pelas quais esse evento é uma verdadeira celebração da música e da tradição brasileira.