Críticas e Chamados ao Compromisso Multilateral
A China expressou forte desapontamento nesta quarta-feira (23) em relação à recente saída dos Estados Unidos da Unesco, rotulando a decisão de ‘irresponsável’ para um país de grande influência. A crítica foi emitida pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, que também lembrou que essa não é a primeira vez que os EUA se afastam da organização. Além disso, destacou que o governo americano está em atraso com suas contribuições há bastante tempo.
Guo reafirmou a posição da China de apoio às ações da Unesco e fez um apelo para que nações de todo o mundo reafirmem seus compromissos com o multilateralismo. Para ele, a adoção de medidas concretas é essencial para sustentar um sistema internacional que tenha as Nações Unidas como sua base.
A decisão de Washington, anunciada na última terça-feira (22) pelo presidente Donald Trump, é vista como uma continuidade da política exterior que o governo americano vem seguindo. A justificativa apresentada foi que a Unesco estaria promovendo uma agenda ‘globalista e ideológica’, o que contraria os princípios do lema ‘América em primeiro lugar’.
Política Externa dos EUA e Saídas Anteriores
O Departamento de Estado, liderado por Marco Rubio, apontou que a admissão da Palestina como estado-membro em 2011 foi um dos fatores que tornaram a saída dos EUA ‘altamente problemática’. Este episódio é emblemático, pois reflete o clima tenso entre a administração Trump e as relações com o Oriente Médio, especialmente com Israel.
Além disso, o governo Trump criticou a Unesco por, segundo eles, alimentar uma retórica anti-Israel. ‘A Unesco se dedica a promover causas sociais e culturais que dividem, mantendo um foco desproporcional nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU’, afirmou o Departamento de Estado.
Repercussões e Expectativas Futuras
Esta não é a primeira vez que os EUA se retiram da Unesco. Durante seu primeiro mandato, Trump já havia tomado a mesma decisão, mas o país acabou sendo readmitido em junho de 2023 sob a nova gestão de Joe Biden. Naquela ocasião, o ex-presidente justificou sua saída citando resoluções que ele considerava desfavoráveis a Israel.
A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, lamentou profundamente a decisão do presidente Trump e destacou que, embora a saída seja efetiva a partir de 31 de dezembro de 2026, a organização já esperava por esse desenlace. ‘Nos últimos anos, realizamos reformas estruturais significativas e diversificamos nossas fontes de receitas’, explicou Azoulay.
Ela também ressaltou que, apesar da contribuição dos EUA ao orçamento da Unesco ser considerável, representando apenas 8% do total, a saída ainda terá um impacto significativo nas operações da entidade. Por fim, Azoulay defendeu a Unesco contra as alegações de ser anti-Israel, mencionando seus esforços em educação sobre o Holocausto e na luta contra o antissemitismo. ‘A Unesco continuará cumprindo sua missão, mesmo com recursos inevitavelmente mais limitados’, garantiu.