são paulo – A área cultivada com trigo no Rio Grande do Sul, que se destaca como o principal estado produtor desse cereal no brasil, foi projetada para atingir 1,198 milhão de hectares em 2025. Essa estimativa representa uma redução de aproximadamente 10% em comparação ao cultivo do ano anterior, conforme os dados divulgados pela Emater em sua primeira previsão para a nova temporada. Essa diminuição na área plantada é um reflexo de diversos fatores, e a expectativa é que o brasil continue a depender de importações elevadas no próximo ano, especialmente devido à significativa diminuição da área plantada em Paraná, o segundo maior produtor de trigo do país.

Jonathan Pinheiro, analista de trigo da consultoria StoneX, destaca que a realidade pode ser ainda mais preocupante para os produtores gaúchos, que podem acabar plantando menos trigo do que o indicado pela Emater. As chuvas excessivas têm prejudicado o processo de semeadura, o que gera incertezas sobre a produtividade esperada. Pinheiro observa que, embora o Paraná esteja vivendo um cenário climático favorável, imprevistos sempre surgem na época da safra. No Rio Grande do Sul, o atraso no plantio, causado pelas chuvas intensas, acende um sinal de alerta sobre o cumprimento das metas de produção.

A produtividade média do trigo no Rio Grande do Sul, com base em tendência histórica, foi projetada em cerca de 3.000 kg por hectare para 2025, um aumento em relação aos 2.781 kg por hectare registrados em 2024, de acordo com a Emater. Com essa produtividade, a produção total de trigo no estado pode alcançar 3,59 milhões de toneladas em 2025, ligeiramente abaixo das 3,7 milhões de toneladas esperadas para 2024.

No Paraná, a produção de trigo pode crescer em 19% em comparação ao ano anterior, atingindo 2,7 milhões de toneladas, conforme dados do governo estadual. No entanto, essa estimativa é feita em relação a uma safra de 2024 que sofreu sérios danos devido a problemas climáticos. A área plantada no Paraná deve apresentar uma queda significativa de 25% em 2025, totalizando cerca de 850 mil hectares. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (conab), tanto o Rio Grande do Sul quanto o Paraná poderão responder por cerca de 80% da produção total de trigo do brasil, que, tradicionalmente, depende de importações para suprir a maior parte de seu consumo, estimado em quase 12 milhões de toneladas.

Em relação às importações, Jonathan Pinheiro ressalta que o brasil tem enfrentado safras frustradas nos últimos anos, que resultaram em volumes de importação superando a média de 6 milhões de toneladas anuais observadas na última década. Ele projeta que, para o período de agosto de 2025 a julho de 2026, as importações podem variar entre 6,5 milhões e 7 milhões de toneladas, indicando uma demanda contínua por trigo.

O ano comercial do trigo no brasil inicia em agosto, período em que começam as movimentações da colheita da nova safra. O analista também aponta que as importações estão sendo impulsionadas não apenas pela necessidade de atender à demanda por volumes, mas também pela exigência de qualidade do produto. O cenário para importações se apresenta favorável, especialmente com uma grande safra prevista na Argentina, que é o principal fornecedor de trigo para o brasil, além de questões relacionadas à taxa de câmbio que podem facilitar essas transações.

Diante desse contexto, produtores e especialistas do setor agrícola permanecem atentos às condições climáticas e ao mercado internacional, uma vez que as decisões tomadas agora podem impactar significativamente a produção e as importações futuras de trigo no brasil.

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