Cerimônia Xamânica e a Busca por Autoconhecimento

Deitar em uma cova e ser coberto pela terra pode soar extremo, mas para muitos, é um ritual transformador. Esse é o conceito do renascimento xamânico, uma prática realizada no terceiro dia do retiro xamânico liderado pela terapeuta integrativa Lila Sousa, que idealizou a experiência ao lado de sua irmã, Priscila Sousa, também terapeuta. A proposta foi desenvolvida ao longo de quase dez anos, fundamentando-se em tradições ancestrais observadas em diversas culturas.

“Nos inspiramos em vivências que tivemos, adaptando-as à nossa realidade. Ao investigar a origem dessa prática, descobrimos que muitos povos realizam rituais similares, cada um com um significado distinto. No nosso caso, ser enterrado vivo visa fortalecer a conexão com a Terra, como um retorno ao ventre da ‘Mãe Terra’,” explica Lila.

Conforme a terapeuta, o ato de enterrar-se simboliza o abandono do antigo para abrir espaço ao novo. “Respirar junto com a terra, sentir sua vibração e frequência nos proporciona paz e renovação de energia. A condução é sempre feita de forma amorosa e respeitosa. Em nossas experiências, nunca houve qualquer intercorrência. O tempo que a pessoa permanece na cova é decidido por ela, que indica o momento de sair,” completa.

A Experiência de Participantes: Transformação Pessoal e Reflexões

A média de permanência sob a terra varia entre três e dez minutos, sempre com acompanhamento para garantir a segurança dos participantes. Lila enfatiza que não há obrigação em participar do rito: “O principal é o desejo de vivenciar a experiência. Tudo é explicado previamente, e monitoramos constantemente a respiração e o estado consciente de cada um.”

A publicitária Maria Laura Lima, de 30 anos, vivenciou o retiro em um momento delicado de sua vida, quando enfrentava crises de ansiedade e decisões difíceis sobre seu casamento. “Este retiro marcou meu primeiro contato com experiências espirituais. Eu só conhecia a ayahuasca, e o que eu encontrei aqui foi muito além do que eu esperava. O que inicialmente parecia só uma busca por clareza tornou-se algo muito maior. Senti que este retiro foi o maior milagre que já vivi em 30 anos,” relata.

Maria Laura destaca que não sentiu medo durante a experiência, atribuindo essa segurança à condução profissional de Lila e Priscila. Ao final do retiro, sua perspectiva sobre a família mudou radicalmente: “Decidi não me separar. Compreendi que minha família é o sonho dos meus ancestrais. No próximo retiro, meu marido também participará.”

Reflexões Profundas e Conexão com o Eu Interior

Outra história é a do advogado Francisco das Chagas Araújo Lima Júnior, de 60 anos, que buscou autoconhecimento no retiro. Para ele, a experiência de ser enterrado vivo trouxe momentos de profunda introspecção. “Foi um contato direto com a terra que me levou a reflexões sobre como tenho vivido. Questões fundamentais surgiram: ‘Se minha vida acabasse aqui, fez sentido tudo que vivi? O que faria diferente? Como irei agir daqui pra frente?'”, compartilha.

Francisco, assim como Maria Laura, afirma que não sentiu angústia, mas sim um relaxamento profundo, conectado à terra. O retiro xamânico, que dura quatro dias, inclui práticas como jejum de silêncio, monodieta, arteterapia e meditações, podendo ser vivenciadas individualmente ou em grupo, sempre com escuta ativa e consentimento.

Essas vivências demonstram que, para muitos, o renascimento xamânico vai além de um ritual, se tornando um catalisador de transformação pessoal e autoconhecimento. Os participantes não apenas vivenciam a experiência, mas também se deparam com suas verdades mais profundas, guiando-os rumo a uma nova fase de vida.

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