A Análise do Julgamento de Bolsonaro

Nesta quinta-feira, 11 de setembro, um marco histórico ocorreu no Brasil: a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. Esta é a primeira vez que um ex-presidente brasileiro enfrenta tal punição, marcando um ponto de virada na política nacional.

Além da condenação por golpe, o ex-presidente também foi incriminado por organização criminosa armada, abolição do Estado democrático de Direito, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado. A decisão ganhou notoriedade na mídia internacional, refletindo a gravidade da situação política no Brasil.

Repercussões nos EUA e na América Latina

O Wall Street Journal destacou que a condenação aumenta as chances de que Bolsonaro passe décadas atrás das grades, caracterizando-o como um “incendiário da direita”. O jornal analisa que essa decisão intensifica a disputa entre Donald Trump, ex-presidente dos EUA, e o atual presidente Lula, rotulado como o “líder esquerdista” do Brasil.

Essa perspectiva sugere uma queda acentuada para Bolsonaro e seus aliados, que na eleição de 2018 prometeram restaurar a lei e a ordem em meio a um cenário marcado pela corrupção e crise política. Contudo, o período de sua administração ficou longe de ser estável, culminando em um dos capítulos mais tumultuados da história política recente do Brasil.

Por sua vez, o The New York Times definiu o julgamento como um marco para a maior nação da América Latina, ressaltando que, ao longo da história, houve pelo menos 15 golpes e tentativas de golpe com laços militares. Contudo, essa foi a primeira vez que líderes envolvidos em tais tentativas foram efetivamente condenados.

Implicações para a direita e o Futuro Político

Segundo o Times, a sentença pode representar um golpe decisivo contra uma das figuras políticas mais influentes da América Latina. Bolsonaro foi o responsável por mobilizar um movimento de direita que polarizou ainda mais o Brasil, mas sua condenação agora deixa essa vertente política sem uma liderança forte.

A Economist, por sua vez, descreveu a decisão como histórica, recordando a postura de Bolsonaro como um defensor da ditadura militar. A revista apontou que, após tentativas fracassadas de desestabilizar as eleições de 2022, seus aliados tramaram um plano de assassinar o vencedor, Lula, e outros líderes proeminentes. A análise destaca que a única esperança de Bolsonaro durante o julgamento foi o voto do ministro Luiz Fux, que optou pela absolvição de todas as acusações.

Reações na Imprensa Internacional

O La Nación, da Argentina, ecoou essa importância histórica, afirmando que o julgamento do ex-presidente atinge seu clímax com a votação dos juízes Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, que se pronunciaram a favor da condenação. Na mesma linha, o Público, em Portugal, considerou a resolução como um marco inédito na trajetória do Brasil.

O The Guardian, ainda, trouxe à tona que Bolsonaro tentou minar a democracia brasileira, ressaltando que a contestação lançada por Fux sobre a competência do STF pode abrir margem para futuras contestações legais que poderiam reverter o julgamento. Apesar da euforia pela queda de um presidente associado a uma série de atrocidades, o jornal observa que o bolsonarismo continua vivo e ativo.

Impacto na Política Brasileira e na Relação com os EUA

O El País, da Espanha, afirmou que o Brasil avança contra a impunidade ao condenar, pela primeira vez, um ex-presidente e um oficial militar de alta patente por um golpe de Estado. A publicação sublinhou que, mesmo sob pressão externa, especialmente de Donald Trump, o julgamento prosseguiu, tendo repercussões significativas nas eleições presidenciais de 2026, onde Bolsonaro deve influenciar a escolha do candidato de direita que enfrentará Lula em sua busca por um quarto mandato.

O Financial Times, por sua vez, observou que o caso gerou uma crise diplomática sem precedentes entre Brasil e EUA, com as autoridades americanas expressando indignação. O jornal lembrou que, antes mesmo do veredicto final, Washington já havia adotado medidas comerciais severas contra o Brasil, além de revogar vistos de autoridades e impor sanções ao juiz Moraes, refletindo a complexidade das relações entre os dois países em um contexto tão volátil.

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