O robusto crescimento da economia brasileira, ancorado na indústria, durante as duas grandes guerras mundiais do século passado, revela um panorama promissor para o Brasil. Essa análise foi destacada por um representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em um evento decisivo intitulado “Fórum Estadão Think – A Indústria no Brasil Hoje e Amanhã”, realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Durante o evento, foi ressaltado que o Brasil atravessou uma fase de crescimento em meio a crises de hegemonia ao longo do século passado, sendo um dos países que apresentaram os melhores índices de desenvolvimento. Embora o cenário atual revele desafios, especialmente em termos fiscais, as oportunidades continuam a se manifestar.

Três fenômenos globais que merecem atenção foram identificados como fundamentais para o futuro da indústria brasileira: a nova revolução industrial, marcada por big data, internet das coisas e inteligência artificial; os extremos climáticos que impulsionam a urgência por uma transição energética; e a nova geopolítica, que reflete um afastamento crescente entre o ocidente e o oriente, similar ao que ocorreu entre 1920 e 1980.

Para aproveitar essa janela de oportunidades, o Brasil precisa ir além da discussão sobre questões fiscais. É essencial estabelecer uma estratégia clara e uma política de reindustrialização que funcione como uma política de Estado. Apesar do contexto desafiador, há um apelo por mais ambição e iniciativa dentro do setor industrial.

Atualmente, o Brasil enfrenta um retrocesso em competividade devido à falta de políticas industriais eficazes. Enquanto isso, países desenvolvidos investem, em média, quase US$ 13 trilhões em iniciativas industriais. A ausência de produção real e o foco em práticas de rentismo estão condenando o futuro econômico do país, segundo os especialistas.

A criação de um “Plano Safra” para o setor industrial, semelhante ao que apoia o agronegócio há duas décadas, é apontada como uma medida necessária. Contudo, o sistema tributário brasileiro continua a ser uma preocupação significativa. As amplas concessões fiscais podem gerar distorções na eficiência da reforma tributária atualmente debatida no Congresso.

Embora a alíquota média esperada gire em torno de 26%, há um potencial para redução a 20% com a simplificação das regras. É imperativo que o Congresso Nacional analise essa questão com celeridade. Paralelamente, a reforma administrativa, considerada “dormente”, também demanda atenção urgente.

Além das questões fiscais e tributárias, outros desafios precisam ser abordados para garantir a recuperação da indústria brasileira. A segurança pública surge como um dos maiores obstáculos, contabilizando prejuízos significativos. Essa insegurança impacta diretamente o cotidiano dos trabalhadores e compromete ativos das empresas, abrangendo desde a proteção do patrimônio até o enfrentamento de delitos como roubos de energia e crimes virtuais.

Atividades ilegais, especialmente no ambiente cibernético, como o roubo de propriedade intelectual, causam danos profundos à sociedade. A implementação de uma estratégia integrada para combater a insegurança na indústria é essencial para fortalecer o setor e garantir um ambiente seguro para o desenvolvimento econômico.

A superação desses desafios depende de uma abordagem colaborativa entre o governo, setor privado e sociedade civil, garantindo que o Brasil utilize seu potencial industrial e aproveite as oportunidades que surgem no cenário global. A resiliência e inovação no setor industrial, aliadas a políticas públicas eficazes, são cruciais para o crescimento sustentável e a competitividade da economia brasileira nos próximos anos.

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