O genocídio em andamento na Faixa de gaza, que neste mês completa um ano, resultou na morte de mais de 38 mil palestinos, a maior parte deles civis. Além dessas trágicas perdas, cerca de 2,3 milhões de pessoas foram forçadas a abandonar seus lares, vivendo agora sob constantes ameaças e incertezas. Neste cenário devastador, a perspectiva de uma solução pacífica parece distante, enquanto a guerra se expande para além das fronteiras de gaza. O primeiro-ministro israelense, Benjamin netanyahu, em suas declarações, sugere uma intensificação das operações militares, com ameaças de transformar o líbano em um segundo gaza. Recentemente, israel realizou incursões terrestres no país vizinho, aumentando os ataques contra o hezbollah e sendo acusado pela Síria de bombardear depósitos de armamentos em seu território.
A situação se complica ainda mais com o Irã, que lançou uma ofensiva ao disparar cerca de 200 mísseis direcionados a alvos israelenses, incluindo bases aéreas estratégicas. Com o mundo de olho nos próximos passos de israel e de seus aliados, particularmente os Estados Unidos, há um temor crescente sobre possíveis ações militares. A dúvida que paira no ar é se israel escolherá um confronto direto, mirado na infraestrutura nuclear e petrolífera do Irã, o que poderia escalar o conflito de forma imprevisível, ou se continuará sua atual política de anexação de territórios no oriente médio.
A recente escalada de violência, e o disparo de mísseis pelo Irã, são respostas diretas à morte do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em um ataque atribuído a israel em Teerã em julho, além de assassinatos subsequentes de altos líderes do hezbollah e do IRGC. O uso de mísseis, divulgado em uma transmissão ao vivo mundial, não apenas representa um ato de retaliação, mas também um aviso às nações da região. O Irã, por sua vez, se destaca como a única potência regionais com capacidade militar e econômica para confrontar israel, sendo um dos nove países dotados de tecnologia nuclear. Um envolvimento direto do Irã no conflito poderia complicar ainda mais o já volátil cenário, arrastando os Estados Unidos, principal aliado israelense, para um conflito em grande escala.
As tentativas de negociação de paz, tanto no Conselho de Segurança da ONU quanto na Corte Internacional de Justiça, têm sido infrutíferas. netanyahu ignora resoluções de organismos internacionais, desconsiderando sua legitimidade. Recentemente, uma proposta, liderada por ex-líderes israelenses e palestinos, buscou apresentar uma solução que permitisse a anexação de 4,4% da Cisjordânia por israel, em troca de outra área equivalente para a Palestina, visando garantir uma conexão entre a Faixa de gaza e a Cisjordânia. No entanto, a proposta, que sugere um cessar-fogo imediato e a criação de um conselho para administrar gaza, ignora completamente a presença do Hamas, o que reduz significativamente suas chances de sucesso.
A falta de mecanismos multilateral eficazes para a promoção da paz é um entrave. Com a ONU perdendo sua relevância, o isolamento de israel é uma alternativa cada vez mais considerada. Em uma recente coletiva no Vaticano ao lado do Papa Francisco, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez, pediu a suspensão imediata da exportação de armas para israel, especialmente após os ataques a forças de paz da ONU no líbano.
O brasil já dá seu passo em direção à contenção israelense, com o presidente Lula suspendendo um contrato de compra de 36 viaturas blindadas de um dos maiores fabricantes de armamentos de israel, a Elbit Systems. Essa ação se inspira em precedentes históricos, como as sanções contra a África do Sul durante o Apartheid, que foram vitais para o fim do regime opressivo. Hoje, o movimento de boicote a israel ganha força, especialmente entre organizações de direitos humanos.
Recentemente, o cargueiro MV Kathrin, supostamente carregando explosivos para israel, sofreu dificuldades para atracar em portos do Mediterrâneo devido a protestos organizados por ONGs. No campo diplomático, já são 13 nações que se juntaram à África do Sul em uma ação no Tribunal Internacional de Justiça, buscando classificar a situação em gaza como genocídio e pleiteando sua imediata cessação. É crucial que blocos como os brics liderem uma campanha global de boicote a israel, a fim de pressionar o governo de netanyahu, fortalecer a causa palestina e contribuir para a promoção da paz na região. A perspectiva de um futuro pacífico pode depender da ação conjunta da comunidade internacional contra a opressão e por um diálogo efetivo.